De acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado pelo regulador da banca, um dos principais riscos para a estabilidade financeira prende-se com o "aumento da probabilidade de incumprimento das empresas, refletindo o efeito conjunto da vulnerabilidade financeira de algumas empresas, da recuperação incompleta da atividade e da rendibilidade de alguns setores no pós-pandemia, bem como o enquadramento macroeconómico e financeiro atual".
A instituição liderada por Mário Centeno apontou ainda "uma redução dos preços no mercado imobiliário residencial, decorrente de alterações nas condições de financiamento", bem como o risco de o "rácio de dívida das administrações públicas em percentagem do PIB [Produto Interno Bruto] não prosseguir a trajetória de redução prevista, derivado da incerteza sobre a atividade económica e do aumento dos custos de financiamento".
Relativamente ao aumento das taxas de juro, nos próximos anos, tal deverá traduzir-se numa "melhoria da margem financeira dos bancos e num aumento do reconhecimento de imparidades e de perdas potenciais decorrentes da desvalorização dos títulos de dívida a justo valor".
O BdP apontou ainda o risco de degradação das condições económicas das famílias, com "redução do rendimento disponível real devido à inflação e o efeito do aumento das taxas de juro sobre o serviço de dívida, aos quais acresce a incerteza relativa à evolução da atividade económica e do emprego".
Em conferência de imprensa, o governador do BdP, Mário Centeno, apontou que este relatório tem a particularidade de identificar riscos "muito evidentes" e que, por isso, "necessitam de uma atuação muito concertada do ponto de vista das políticas, não só nacionais, como a nível europeu.
O documento publicado semestralmente aponta também algumas medidas que podem mitigar os riscos apontados, como a atuação dos bancos centrais, em particular do Banco Central Europeu (BCE).
O BCE já anunciou uma nova ferramenta "anti-fragmentação", para evitar uma grande diferença das taxas de juro entre países.
Mário Centeno adiantou que, apesar de o desenho da medida ainda não estar fechado, tratar-se-á de um "complemento ao processo de normalização da política monetária" que vai "com certeza mostrar a determinação do Eurossistema na contenção destes riscos de fragmentação".
"Se o mecanismo de transmissão da política monetária não funciona o Eurossistema tem de atuar. Foi o que fez na última década com grande sucesso e é o que continuará a fazer", vincou o governador do BdP.
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[Notícia atualizada às 12h49]
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