O Governo tem tomado medidas para prevenir incêndios e o país está, neste momento, em Situação de Alerta - pelo menos até quinta-feira -, o que significa que os agricultores só podem ceifar ao início da manhã ou ao final da tarde. Os agricultores alertam que as colheitas estão em risco, porque é impossível ceifar tão cedo por questões técnicas.
"Tirando os dias de extraordinário calor, como aqueles que existiram na última semana, de manhã, antes das 9h00 ou 9h30, não se consegue debulhar. Com a humidade a ceifeira não consegue extrair bem o grão da espiga", disse Rui Garrido, presidente da Federação de Agricultores do Baixo Alentejo, em declarações à CNN.
Também o secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Luís Mira, diz que esta decisão do Governo só revela que o ministro da Administração Interna "não tem conhecimentos sobre agricultura", uma vez que "os horários que propôs revelam isso mesmo pois basta haver alguma humidade matinal para que não seja possível fazer a colheita de cereais".
Na segunda-feira, recorde-se, a Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo propôs um alívio das medidas de prevenção de incêndios na região para permitir a utilização de máquinas debulhadoras e retroescavadoras, exceto durante as horas de maior calor.
Na missiva, esta federação reconhece "a absoluta necessidade de implementação de medidas que evitem a deflagração de fogos", sobretudo, nas "zonas providas de coberto florestal no norte e centro do país".
"Propomos que seja permitida a debulha normal dos cereais, exceto no período entre as 13h00 e 17h00, em situações climáticas extremas em que tenha sido decretado o alerta vermelho para a região", pode ler-se na carta.
A federação realça que "é normal" que se faça "a debulha de cereais no Alentejo com temperaturas acima dos 30.º", pois "as zonas ocupadas por esta cultura situam-se em áreas desprovidas de coberto florestal" e "onde o risco de incêndio é diminuto".
Portugal continental entrou em situação de contingência, segundo nível de resposta previsto na Lei de Bases da Proteção Civil, na passada segunda-feira e na quinta o Governo decidiu prolongar esta situação até quinta-feira, dia 21 de julho, altura em que a situação será novamente reavaliada.
A situação de alerta é, de acordo com a Lei de Bases da Proteção Civil, o nível menos grave, abaixo da situação de contingência e do patamar mais grave, a situação de calamidade.
Leia Também: Criar hábitos de poupança desde cedo: Seis conselhos para os mais jovens