O ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, garantiu, na segunda-feira, que não haverá nenhum aumento de 40% nas faturas da eletricidade, sublinhando que a Endesa já disse que não fará alterações nos preços até ao final do ano. O governante destacou ainda que no mercado regulado há famílias que até estão a pagar menos.
"Não vai haver nenhum aumento de 40% no mês de agosto. Aliás, a própria Endesa hoje [segunda-feira] veio desmentir-se e dizer que não terá aumento nos clientes residenciais até ao final do ano. Também a EDP veio dizer que não terá aumentos para os seus clientes até ao final do ano", disse Duarte Cordeiro, em declarações à CNN Portugal.
Relativamente ao mercado regulado, explicou o ministro, "não só não vamos ter aumentos, como tivemos uma diminuição, neste semestre, de 2,6% nos preços". Duarte Cordeiro disse ainda que há uma "maioria" de clientes no mercado livre que está "protegida por tarifa fixa, por contrato que vai para além" do final do ano.
O ministro do Ambiente admite, contudo, que estamos num "contexto de adversidade" no mercado, pelo que os clientes devem "comparar os preços entre os vários comercializadores".
"Foi reconfortante saber, inclusivamente da Endesa, que se desdisse relativamente ao dia de ontem [domingo] que não vão haver aumentos até ao final do ano", atirou Duarte Cordeiro.
De acordo com o ministro, "Portugal está mais protegido do que a grande maioria dos países, a grande generalidade dos consumidores não vai ter qualquer aumento para quem está no mercado regulado, vamos ter reduções de 2,6% e, para quem está no mercado livre, ou está protegido por tarifa fixa, vai encontrar um preço mais baixo do que encontraria se não houvesse mecanismo e, em última análise, as famílias poderão recorrer à tarifa regulada", resumiu.
A Endesa comprometeu-se, na segunda-feira, a manter os preços contratuais até dezembro e a cumprir os compromissos estabelecidos no mecanismo ibérico, depois de o presidente da empresa ter afirmado que a eletricidade iria subir 40% este mês.
A Endesa compromete-se a manter os preços contratuais com os seus clientes residenciais em Portugal até ao final do ano", lê-se num esclarecimento divulgado pela empresa. Segundo a mesma nota, a empresa vai ainda cumprir os compromissos estabelecidos no quadro regulatório português, bem como no mecanismo ibérico.
O presidente da Endesa, Nuno Ribeiro da Silva, disse, em entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1, que a eletricidade vai sofrer um aumento de cerca de 40% já nas faturas de julho. Segundo a elétrica, em causa estaria o pagamento do "travão do gás".
Este travão, criado para Portugal e Espanha, levou a um desconto nos preços do gás natural utilizado para a produção de eletricidade.
Na sequência das declarações, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática divulgou um comunicado, no qual rejeitava declarações de Nuno Ribeiro da Silva, classificando-as como "alarmistas". À Lusa, o secretário de Estado da Energia, João Galamba, afirmou ser impossível verificar-se uma subida de 40% na fatura da energia através do mecanismo ibérico, remetendo para as ofertas comerciais das próprias empresas.
Para o Governo, estas declarações, no que ao mecanismo ibérico dizem respeito, "não correspondem à verdade", uma vez que "os preços com o mecanismo serão sempre mais baixos do que sem ele".
Por sua vez, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) garantiu, em comunicado, que estará "particularmente atenta" ao comportamento dos comercializadores relativamente à repercussão do impacto sobre os consumidores do mecanismo ibérico.
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