"Sem certezas as empresas não investem e as famílias preferem poupar a gastar, o que agrava ainda mais as perspetivas de um crescimento já enfraquecido", afirmou a Kristalina Georgieva, apelando para que se reduzam as barreiras comerciais, tanto as aduaneiras como não aduaneiras.
A responsável do FMI sustentou que as "grandes mudanças" resultantes da imposição de tarifas pelos Estados Unidos conduziram a um aumento da incerteza, com o correspondente agravamento das condições financeiras e uma maior volatilidade dos mercados.
Georgieva lembrou que a possibilidade de recessão nos Estados Unidos aumentou para 37%, uma valor que compara com os 25% projetados em outubro, razão pela qual encorajou o paí a reduzir o défice orçamental e a sanear as contas públicas.
Em relação à União Europeia, a diretora-geral do FMI apelou para a conclusão do mercado único, do mercado de capitais, da união bancária e a eliminação das barreiras no comércio intra-bloco.
Relativamente à China, recomendou o incentivo do consumo privado e a reorientação da economia para o setor dos serviços.
Numa mensagem mais geral, Georgieva aconselhou os países a criarem amortecedores anticrise, a garantirem a sustentabilidade das dívidas e a empreenderem "trajetórias de ajustamento credíveis" que protejam os investimentos, maximizem a eficiência dos gastos e deixem folga para futuras eventualidades.
A economista convidou ainda os bancos centrais a manterem-se atentos aos dados e às expectativas de inflação, apesar do "delicado equilíbrio" da conjugação do crescimento económico com controlo dos preços.
Georgieva sublinhou também ser de importância "crítica" que os bancos centrais sejam independentes, numa referência às palavras dos Presidente dos Estados Unidos sobre a saída do presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed), Jerome Powell.
A economista que lidera o FMI apelou ainda a que se redobrem esforços com reformas económicas que visam aumentar a produtividade e enfrentar o atual ambiente de fraco crescimento e elevado endividamento.
"Chegou o momento de levar a cabo reformas há muito necessárias, mas muitas vezes adiadas, que permitam criar um ambiente empresarial saudável, colocar o empreendedorismo em primeiro plano, reformar os mercados de trabalho e criar condições para a inovação num mundo de avanços tecnológicos rápidos", afirmou.
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