Na nota, publicada na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a TAP referiu que "o Resultado Líquido é claramente negativo, mas continua a recuperação nos últimos trimestres".
No segundo trimestre, a companhia aérea registou uma redução de 37,2% nos prejuízos, para um resultado negativo de 80,4 milhões de euros, face aos 128,1 milhões obtidos em igual período do ano anterior.
A presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, salientou, na nota, que "o segundo trimestre registou uma procura muito saudável e receitas por passageiro mais elevadas", o que permitiu compensar o aumento nos custos.
Ainda assim, a responsável referiu que "o contexto continua difícil e as perspetivas de procura para o quarto trimestre e próximo ano mantêm-se incertas", vincando que "a execução do plano de restruturação continua a ser fundamental".
Neste contexto, o número de passageiros transportados quadruplicou, no segundo trimestre, em comparação com o mesmo período de 2021, atingindo 82% dos níveis do segundo trimestre de 2019. Adicionalmente, durante este período, a TAP operou mais do dobro do número de voos do que no segundo trimestre de 2021, ou 81% das partidas do mesmo período de 2019.
O comunicado refere que os itens não recorrentes tiveram um impacto positivo de 18,5 milhões de euros "relacionados com uma libertação de provisões e também devido a uma estimativa de custos reduzida para os riscos de litígio e liquidação relativos ao encerramento da M&E Brasil".
A TAP revelou ainda que as receitas operacionais foram quase quatro vezes superiores às do segundo trimestre de 2021, aumentando em 597,4 milhões de euros, para 830,6 milhões, o que representa 99% das receitas operacionais do segundo trimestre de 2019.
"Este fator foi predominantemente impulsionado pelo aumento das tarifas e maior capacidade, resultando num aumento das receitas do segmento de passageiros em 586,4 milhões de euros vs. 2T21 [segundo trimestre de 2021], para 740 milhões de euros", apontou a transportadora.
Por sua vez, os segmentos de carga e de manutenção "contribuíram para o aumento das receitas com 7,8 milhões de euros e 7,3 milhões, respetivamente", sendo que a área de Manutenção terminou o segundo trimestre com receitas de 18 milhões de euros, mais 76,9% do que no mesmo trimestre do ano anterior, enquanto as receitas na área de Carga ascenderam a 67,4 milhões, aumentando 12,2% em termos homólogos.
Quanto aos custos operacionais recorrentes, foram de 782,7 milhões de euros, aumentando 92,5% face ao segundo trimestre de 2021, refletindo "o maior nível de atividade, dado um aumento de ASK [lugar-quilómetro] de 166,5% durante este período", apontou a companhia aérea.
Por outro lado, em comparação com o mesmo período de 2019, os custos operacionais recorrentes foram 4,1% mais baixos, "apesar do aumento do custo com combustível em 71,6 milhões de euros".
No segundo trimestre, o custo com combustível aumentou em 217,5 milhões de euros, numa base anual, para 277 milhões, perto de cinco vezes o valor do segundo trimestre de 2021.
Ainda assim, verificou-se um positivo do 'hedging' (técnica de cobertura de risco) de 54,5 milhões de euros, que compensou parcialmente o aumento acentuado do preço de mercado do combustível para aeronaves ('jet fuel') observado durante o trimestre.
O balanço apresentou uma "forte posição de caixa e equivalentes de caixa de 889,9 milhões de euros no final do trimestre", apontou a TAP. Os níveis de liquidez aumentaram em comparação tanto com o quarto trimestre de 2021, como com o primeiro de 2022.
"A posição de caixa em 30 de junho de 2022 foi mais do que 1,5 vezes superior do que à mesma data de 2021, refletindo um aumento de 347 milhões de euros", referiu a transportadora, sinalizando que "a contribuição de 990 milhões de euros aprovada pela Comissão Europeia no plano de reestruturação da TAP está ainda pendente e espera-se que seja executada até ao final do ano".
Numa análise ao primeiro semestre, as receitas atingiram 1.321,2 milhões de euros, um aumento de 245% em relação ao primeiro semestre do ano anterior. Juntamente com o maior nível de atividade (ASK aumentou 217%), também os custos operacionais registaram um aumento significativo de 73% para 1.316,8 milhões de euros, levando a um lucro antes de juros e impostos (EBIT) positivo em 4,4 milhões de euros, o que representa um aumento de 381,7 milhões de euros, em termos homólogos.
O EBIT recorrente, excluindo os itens não recorrentes negativos em três milhões de euros, também foi positivo em 1,4 milhões de euros.
"Os juros líquidos e a evolução cambial desfavorável, particularmente no segundo trimestre, levaram a um resultado líquido negativo de 202,1 milhões de euros, ainda assim 291,1 milhões de euros melhor do que no mesmo semestre de 2021", vincou a TAP.
Segundo o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, o plano de reestruturação da TAP prevê um prejuízo de 54 milhões de euros este ano e atingir lucro em 2025.
A TAP fechou 2021 com um prejuízo de quase 1.600 milhões de euros, apesar do aumento do número de passageiros transportados e das receitas relativamente ao ano anterior.
[Notícia atualizada às 8h]
Leia Também: Bolsa de Tóquio abre a perder 1,09%