Rui Miguel Nabeiro falava com os jornalistas à margem do lançamento da nova máquina da Delta Q desenhada pelo francês Philippe Starck, que decorreu no Capitólio, em Lisboa.
"O volume de negócios este ano poderá chegar aos 430 milhões de euros, é essa a nossa ambição", afirmou o gestor.
A meta é "recuperarmos finalmente da pandemia, tivemos dois anos abaixo de 2019, este ano aquilo que é a nossa ambição e que acreditamos que vai acontecer é que estaremos 15% já acima de 2019 do ponto de vista de faturação", detalhou o presidente executivo.
O mercado internacional representa atualmente 35% do volume de negócios do grupo.
A nova máquina RISE, que incorpora "um revolucionário sistema de extração de café invertido", é uma inovação tecnológica mundial da Delta.
"É um sistema ultra-inovador que não existe em mais lado nenhum do mundo e que apenas nós temos com 20 patentes", sublinhou Rui Miguel Nabeiro.
A máquina funciona com as mesmas cápsulas utilizadas por outras máquinas Delta e o que vai ter são "copos exclusivos" deste sistema, porque o café sai do fundo da chávena e depois esta tem de reter o café sem pingar.
"Este sistema foi alvo de desenvolvimento de patentes, temos 20 patentes desenvolvidas só à volta deste sistema", em que o café vem de baixo para cima, explicou o CEO, acrescentando que Philippe Starck, quando a desenhou, afirmou que a máquina "era um glorificador do café".
A tecnologia que está à volta da máquina, o sistema RISE, "demorou mais ou menos quatro anos a desenvolver e foi apresentado em 2017, cinco anos depois estamos a lançar a primeira máquina para casa com este sistema que foi desenhada pelo Philippe Starck", prosseguiu.
Rui Miguel Nabeiro não adiantou o investimento feito no desenvolvimento desta máquina e sistema, com a qual conta crescer no mercado internacional e atingir o 'top 10'.
"É talvez o maior investimento da história da Delta num novo produto", afirmou, salientando que o projeto começou a ser trabalhado em 2017, com Philippe Starck no processo criativo de desenvolvimento.
No entanto, "a covid não ajudou, tivemos muita dificuldade em arrancar com a produção da máquina, na falta de componentes, acrescentou, apontando que todo o processo foi "desafiante".
"A máquina é produzida em Portugal, em Aveiro, é um fator absolutamente relevante e importante, o 'sourcing' é todo feito em Portugal", enfatizou o gestor.
Além disso, a fábrica do grupo "está a ser alvo de uma preparação para aumentos de volume", disse.
"Temos um plano de investimento a cinco anos de 10 milhões de euros na fábrica, para recapacitação da fábrica, para crescimento, encomendámos uma nova máquina de cápsulas que chegará durante o ano que vem e que irá dar resposta ao crescimento internacional, além do que temos hoje em Portugal", prosseguiu.
O mercado da Polónia, em concreto, "é um mercado que nos corre melhor, onde as coisas com a Jerónimo Martins estão a fluir muito bem e, portanto, estamos a preparar-nos para crescimentos não só em cápsulas, mas em tudo o resto, e uma requalificação da fábrica que é necessária", sublinhou.
Atualmente, "torramos mais ou menos 26 milhões de quilos de café e queremos obviamente dotar a nossa fábrica de aumento de produtividade na ordem dos 30%, mas estes 26 milhões não estão no limite, temos ainda aqui folga para continuar a crescer, o que queremos é antecipar essas necessidades", explicou.
Questionado quando é que pretende atingir o 'top 10' mundial das marcas de café em termos de volume de negócios, Rui Miguel Nabeiro salientou que aquilo que tinha sido estimado era 10 anos.
"Já só temos seis anos para lá chegar, mas vamos chegar e acredito que este fator de inovação nos vai ajudar, estamos a crescer 20% nos mercados internacionais, em todos os mercados em que estamos", disse o CEO do grupo Nabeiro - Delta Cafés.
"Acredito que só de facto com o caminho em mercados internacionais a ser bem feito é que vai ser possível esse desígnio", enfatizou.
A seguir a Portugal, onde o grupo detém uma quota em valor na ordem dos 42%, o maior mercado é Espanha, Angola e depois França.
"Claramente, a escolha inclusivamente do melhor designer do mundo vai nesse sentido, o Philippe Starck é conhecido em qualquer parte do mundo, ter uma máquina que é assinada, pensada e criada pelo melhor criador do mundo tem que nos ajudar também a fazer o caminho nos mercados internacionais", sublinhou Rui Miguel Nabeiro.
Em declarações à Lusa, à margem do evento, o comendador Rui Nabeiro manifestou-se "muito feliz" com mais este passo do grupo, recordando "as várias fases" da Delta.
O 'rosto' do grupo defendeu a aposta na inovação, caso contrário, é estar "à espera da reforma", referindo que é "um momento lindo" aquele que o grupo atravessa agora.
À questão como vê a atual situação do mundo, o comendador recordou que trabalha desde os seus 12 anos - faz 92 no próximo ano -, nunca teve medo de trabalhar, mesmo em momentos mais difíceis, pelo que "há que ter esperança que essa guerra, todo esse rebuliço que aí anda possa melhorar".
E se melhorar, "melhora para todos", rematou Rui Nabeiro.
[Notícia atualizada às 16h53]
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