FMI congratula-se com 'marcha-atrás' fiscal do Reino Unido
O Fundo Monetário Internacional (FMI) congratulou-se hoje com a 'marcha-atrás' do Reino Unido, que anunciou ir "recalibrar" o seu plano fiscal, e mostrou-se confiante com o compromisso britânico de ir fazer o necessário para conseguir a estabilidade económica.
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Economia Reino Unido
O comentário do diretor do departamento de Europa do FMI, Alfred Kammer, foi feito horas depois de a primeira-ministra britânica, Liz Truss, ter anunciado a demissão do ministro da Economia e a sua intenção de anular muitas das medidas do plano que este tinha avançado.
"Saudamos o compromisso do governo de desenvolver um gabinete de responsabilidade orçamental e de que o Reino Unido vai fazer o que for preciso para abordar a disfunção do mercado e preservar a segurança financeira", disse Kammer, durante uma conferência de imprensa.
O até agora ministro da Economia, Kwasi Kwarteng, foi destituído, perante pressões crescentes sobre o governo, depois de anunciar em 23 de setembro um controverso plano fiscal, com descidas massivas de impostos.
Em conferência de imprensa, Truss reconheceu hoje que o seu plano fiscal foi "mais longe e mais rápido" do que os investidores podiam tolerar, pelo que agora vai retificar "de forma decisiva" e, entre outras medidas, subir o imposto sobre os lucros das empresas como estava previsto pelo anterior governo, de Boris Johnson.
Na quinta-feira, a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, repreendeu Londres pelos seus planos de cortes de impostos e avisou o ministro das Finanças e o chefe do banco central que as suas políticas não devem ser contraditórias.
A 23 de setembro, Kwarteng anunciou planos para reduzir os impostos, reduzindo ao mesmo tempo a burocracia e promovendo o investimento para estimular o crescimento económico. O custo do pacote de cortes fiscais foi estimado em 45.000 milhões de libras (52.000 milhões de euros no câmbio atual).
Kwarteng disse também que o Governo iria endividar-se em pelo menos 60.000 de libras (69.000 milhões de euros) para financiar o congelamento dos preços elevados da energia para famílias e empresas, que desencadearam uma crise do custo de vida.
O Governo assumiu como meta alcançar um crescimento económico médio de 2,5% ao ano para aumentar as receitas fiscais e financiar os serviços públicos.
Kwarteng não forneceu qualquer análise independente sobre se as metas do Governo poderiam ser alcançadas ou qual o impacto nas finanças públicas. Isto desencadeou especulações de que o governo teria de financiar o pacote com endividamento, aumentando a dívida pública para níveis insustentáveis.
A estratégia de injetar milhares de milhões de libras na economia aumentou o risco agravar a inflação, o que forçou o Banco de Inglaterra a aumentar as taxas de juro, com impacto nos créditos à habitação.
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