A afirmação foi feita por Pierre-Olivier Gourinchas em entrevista à agência EFE, após as reuniões do FMI e do Banco Mundial (BM) que se realizaram esta semana em Washington e que traçaram um quadro económico mundial "muito complicado".
Na antevisão económica global, apresentada na terça-feira, o FMI calcula uma desaceleração da economia mundial acima do esperado em 2023 e alerta que pelo menos um terço das economias deverá entrar em recessão.
Embora tenha sido o próprio Pierre-Olivier Gourinchas a advertir que "o pior ainda está por vir" na apresentação do relatório económico, o mesmo responsável assegurou à EFE que também há motivos para otimismo, argumentando que, além de sair desta crise " mais fortes", os países ficarão "no caminho certo" para enfrentar desafios, como os das mudanças climáticas.
Sublinhou ainda que a análise do FMI também fornece alguns dados positivos, como a solidez dos mercados de trabalho das grandes economias, em muitas das quais "não só há baixo desemprego, como se verifica o inverso, faltando trabalhadores para preencher lugares".
Outro dado positivo avançado por Gourinchas refere que, apesar do aperto das políticas monetárias nos países mais desenvolvidos e avançados, muitas das economias emergentes não estão em crise e continuam a crescer e a aceder aos mercados.
Alertou, contudo, que isso não significa que essa economias não possam sofrer mais tarde quando as vulnerabilidades crescerem.
Por outro lado, nestas conferências em Washington tornou-se evidente que a Europa é uma das regiões que terá mais problemas devido aos efeitos da guerra na Ucrânia, sendo que muitas famílias já sofrem "com os custos da energia".
"Tremenda ansiedade" para as famílias e contas enormes para os países que terão de pagar o fornecimento de energia, observou.
Embora "o impulso inicial" seja "proteger" os cidadãos e ajudá-los nesta situação crítica, Gourinchas considerou que as políticas devem visar a redução da procura de petróleo e gás, e assim acabar com a dependência dos mercados em relação à Rússia.
Defendeu aida que não se deve deixar essa "transição energética necessária para depois da crise".
Segundo o diretor de pesquisa do FMI, é preciso não só pensar neste inverno, mas também no próximo.
"Não vamos pensar no que fazer nos próximos dois ou três meses. Vamos pensar no que podemos precisar no médio ou longo prazo, porque aí os custos fiscais são potencialmente diferentes", justificou.
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