O Mundial de futebol 2022 arranca exatamente dentro de um mês no Qatar, sendo a primeira vez, em 22 edições, que a competição se realiza num país árabe.
Questionado sobre as relações comerciais entre os dois países, Luís Castro Henriques afirma que "são boas, mas ainda com muito potencial".
Entre janeiro e agosto deste ano, as exportações de bens portugueses para Doha atingiram 58,9 milhões de euros, uma subida homóloga de cerca de 166%, e as importações totalizaram 64,8 milhões de euros, um crescimento de 34%.
"Em particular, este ano tem sido espetacular em termos de exportação de bens, este é um mercado onde nós já temos algumas empresas, temos uma base exportadora que até é bastante diversificada, vai dos serviços aos bens", mas "é de facto um mercado que ainda se pode aprofundar", sublinha o presidente da AICEP.
O Qatar é "um dos mercados para diversificação no Médio Oriente" e, neste caso, "identificamos boas oportunidades a nível dos produtos farmacêuticos, a nível dos produtos agroalimentares, de alguns produtos e materiais de construção e muito também nos serviços", prossegue.
E agora com o Mundial2022 "de certeza que há serviços prestados também por empresas portuguesas", refere.
Por isso, "no contínuo desenvolvimento que eles têm em infraestrutura e novos projetos poderão surgir boas oportunidades e que nós consideramos como sendo um mercado de diversificação a considerar naquela região", aponta.
Ou seja, as empresas portuguesas ali "terão de ponderar entre ir ao Golfo todo ou aos Emirados, Arábia Saudita ou Qatar ou Koweit".
O facto de o capitão da seleção Cristiano Ronaldo participar no Mundial2022 é também um fator de notoriedade para Portugal.
"O Cristiano Ronaldo, não tenhamos a mínima dúvida, é a presença portuguesa com maior notoriedade no mundo nos dias de hoje e, portanto, como é óbvio, a presença" do jogador português "aumenta sempre a notoriedade de Portugal", sublinha Luís Castro Henriques.
Até porque Cristiano Ronaldo representa tudo aquilo que o atleta é: de esforço, trabalho, consistência", entre outros.
Nesse sentido, diz, "é sempre uma boa imagem para o país e, portanto, aí sim, é um pico de notoriedade".
Mas "o fundamental é a sustentabilidade destes negócios e oportunidades sustentáveis para as nossas exportadoras É, sobretudo, isso que elas têm de estar a identificar no mercado do Qatar", salienta, referindo que há setores onde as empresas portuguesas estão "particularmente bem posicionadas" para poderem servir no Qatar.
"Já fizemos várias missões ao Qatar e já houve várias visitas institucionais e políticas relevantes ao Qatar e sistematicamente isso gera algum interesse", salienta, destacando alguns dos investimentos qataris em Portugal.
Sobre o investimento na área do turismo [hotel W no Algarve], "achamos que de facto é um investimento emblemático e nós próprios temos veiculado muito disso no Qatar para tentar incentivar outros investidores também a olhar para Portugal", remata.
Entre outros investimentos está o da Autoridade de Investimento do Qatar (QIA - Qatar Investment Authority, em inglês) na EDP, de mais de 2%, participação comprada em 2011, e, recentemente, a afiliada do fundo soberano Qatar Sports Investments (QSI) na assinatura de um acordo de compra de ações com a Olivedesportos referente à aquisição pela entidade de 21,67% do capital social do Sporting Clube de Braga (SC Braga), um dos principais clubes de futebol em Portugal.
Por exemplo, o grupo francês Vinci, que controla a ANA, é participado pelo fundo soberano qatari.
Heathrow, que é um dos aeroportos mais movimentados do mundo, conta com o fundo soberano QIA como o seu segundo maior investidor, com 20%.
A fase final do Mundial2022 vai ser disputada dentro de exatamente um mês, entre 20 de novembro e 18 de dezembro, dia nacional do Qatar, por 32 equipas.
Portugal integra o Grupo H da competição, com Uruguai, Coreia do Sul e Gana.
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