Mário Vaz falava num encontro com jornalistas, no âmbito dos 30 anos da Vodafone Portugal, que decorreu na sede da operadora, em Lisboa.
Durante o encontro, o gestor reafirmou que o 5G, nomeadamente nos 'case studies' [estudos de caso], está atrasado e alertou para a atual situação macroeconómica e o seu eventual impacto no cumprimento das obrigações de cobertura.
"O que eu fiz foi alertei [o Governo para a questão das metas em março] porque acho que temos de ser racionais e estar preparados", afirmou o gestor, salientando que quando o leilão acabou as "condições eram totalmente diferentes".
Já durante o leilão havia o problema logístico do 'chipset', além da pandemia. Depois vem o final da covid e surge a guerra na Ucrânia, "há aqui um conjunto de fatores que se alteraram drasticamente entre aquilo que foi o momento do desenho do leilão e o momento que hoje vivemos", argumentou.
Por exemplo, "eu hoje tenho de comprar, tomar firme encomendas que só vão chegar daqui a um ano, se não, não tenho equipamento", por isso "não podemos olhar para as metas por serem metas".
Ou seja, "temos de ser racionais, ser lógicos, não é dizer não vamos fazer, fiz o alerta ao regulador", mas passado alguns dias este foi à Assembleia da República e "disse que está escrito, que é para fazer", prosseguiu Mário Vaz, sublinhando que nunca pôs em causa aliviar as obrigações.
Agora, "pressão de fazer só por fazer não é boa ideia" e a intenção do alerta foi de se analisar o que se passa e chegar a uma conclusão.
"Ouvi do Governo abertura para avaliar e perceber", mas flexibilidade no regulador de telecomunicações "não é conjugável", no entanto, "espero que haja bom senso se isso se tornar inevitável", referiu.
"Há uma linha vermelha que é a inevitabilidade e o cumprir, ou seja, no dia em que os prazos e a execução do plano se mostre totalmente inviável ou que eu tenha de começar a comprar equipamentos com dois anos de antecipação, é uma linha vermelha", considerou, referindo que ainda não se chegou lá.
Alertou para a "grande incógnita" que se vive no mundo, apontando que o fator económico "nunca justificou" as metas do leilão.
"Sempre achámos que nas exigências colocadas nas metas em Portugal, com investimento próprio", ao contrário de outros países, "nunca houve um racional económico".
Quanto ao processo de desenvolvimento do 5G, este "está atrasado e o momento macroeconómico não é favorável", já que os gestores estão com outras prioridades do que fazer testes piloto.
"Os 'use cases' [pilotos] como um todo estão atrasados, estão atrasados em todo o lado, mas em Portugal está mais atrasado do que noutros", os países que começaram mais cedo têm mais pilotos a decorrer, contou.
O próprio momento "do ponto de vista económico quando arrancaram era diferente, havia mais abertura para o fazer", acrescentou, adiantando que "há mais use cases" em Espanha do que "em Portugal".
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