BCE deve repensar "galope" das taxas. Marcelo alerta para "consequências"
Marcelo Rebelo de Sousa alerta que "prosseguir de forma indefinida" com o aumento das taxas de juro pode ter "consequências complicadas". O Presidente da República diz que pode estar a ser atingido um "ponto em que a subida dos juros começa a matar as economias".
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Economia Marcelo Rebelo de Sousa
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, alertou, esta quinta-feira, que é necessário pensar se o aumento das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu (BCE) deve prosseguir, alertando para as consequências económicas desta medida e para o impacto nas finanças das famílias.
"Em tempos tinha dito que esta mudança do oito para o 80 do BCE, a prosseguir de forma indefinida, podia ter consequências complicadas. Vale a pena pensar, e pensar o mais próximo possível, se é de continuar este galope, porque pode ser a maneira não certa, não correta, de resolver o problema da inflação e do crescimento económico", disse Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas, momentos antes de o Banco Central Europeu (BCE) ter voltado a aumentar as taxas de juro.
Marcelo alertou ainda que pode estar a ser atingido um "ponto em que a subida dos juros começa a matar as economias".
Aumentar assim, a este ritmo, os juros não é, para curar o doente, acabar por fazer mal à sua saúde? Apertá-lo, estrafegá-lo, com a ideia de o salvar? Isso não tem custos na vida das pessoas, nomeadamente no crédito à habitação, e na vida em geral?
O chefe de Estado, que falava após ter ouvido uma intervenção do ex-vice-presidente do BCE Vítor Constâncio sobre esta matéria, numa iniciativa da Ordem dos Economistas, manifestou a esperança de que "daqui a um mês já tenha chegado aos decisores europeus, nomeadamente ao BCE, esta preocupação".
"Aumentar assim, a este ritmo, os juros não é, para curar o doente, acabar por fazer mal à sua saúde? Apertá-lo, estrafegá-lo, com a ideia de o salvar? Isso não tem custos na vida das pessoas, nomeadamente no crédito à habitação, e na vida em geral? Não é mais negativo do que positivo nas economias? Foi isso que aqui foi levantado hoje. É isso que merece ser pensado no próximo mês, nos próximos meses, antes de chegarmos a 2023", defendeu Marcelo.
O BCE subiu as taxas de juro em 75 pontos base, naquele que é o "terceiro grande aumento consecutivo das taxas diretoras", de acordo com a instituição, o que irá ter impacto na prestação mensal dos empréstimos.
A instituição liderada por Christine Lagarde reafirma a intenção de continuar a aumentar as taxas de juro nos próximos meses, em resposta à inflação.
"O Conselho do BCE tomou a decisão de hoje - e espera continuar a aumentar as taxas de juro - para assegurar o retorno atempado da inflação ao seu objetivo de 2% a médio prazo", pode ler-se na nota sobre a decisão de política monetária.
Na quarta-feira, recorde-se, o Presidente da República afirmou que vai acompanhar, com o Governo, o aumento das prestações do crédito à habitação, estimando um crescimento até 25%.
"O Governo tem tentado responder a isso através de prestações específicas. Mas é uma situação que vai ser acompanhada, sobretudo se a guerra demorar muito mais tempo. Vai ser acompanhada com atenção", assegurou Marcelo Rebelo de Sousa, à margem do Encontro Nacional da ENIPSSA - Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo.
A taxa de juro implícita dos contratos de crédito à habitação subiu em setembro para 1,144%, mais 13,3 pontos base do que em agosto (1,011%), segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).
[Notícia atualizada às 13h47]
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