"A Fitch Ratings subiu o 'rating' de longo prazo de Portugal de 'BBB' para 'BBB+'. O 'outlook' é estável", indicou, em comunicado, a agência de notação financeira.
Esta é a terceira melhoria do 'rating' da República portuguesa, depois de a DBRS e de a Standard & Poor's também já se terem pronunciado no mesmo sentido.
A Fitch justificou esta decisão com o facto de Portugal ter uma "política orçamental prudente, apesar dos choques externos significativos".
Por outro lado, assinalou que o défice orçamental deverá cumprir a meta do Governo de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, face aos 2,8% de 2021 e aos 5,8% de 2020.
Apesar de sublinhar que os resultados orçamentais apontam para um melhor desempenho, perspetivou um retrocesso no segundo semestre.
A Fitch estima ainda que o rácio da dívida de Portugal diminuía em 10,5 pontos percentuais no corrente ano.
"Um histórico de disciplina orçamental do atual partido no Governo apoia a base da Fitch para o declínio contínuo da dívida", assinalou, prevendo superávites fiscais primários de 0,2% do PIB este ano e de 1,5% em 2023.
Assim, notou que, "apesar dos ventos contrários provocados pela alta inflação e de um fraco ambiente externo", é esperado que a política orçamental permaneça alinhada com as metas do Governo relativas à dívida.
A melhoria hoje anunciada reflete também os indicadores de governação e o PIB 'per capita' de Portugal, acima da média dos seus pares.
A agência de notação financeira espera ainda que o PIB de Portugal cresça 6,4% este ano, face aos 5,5% de 2021, impulsionado por uma "recuperação robusta do setor do turismo".
Soma-se a queda da taxa de desemprego e consequente aumento do número de pessoas a trabalhar, acima dos níveis pré-pandemia de covid-19.
Porém, "com a crise energética europeia, alta inflação e uma política monetária mais apertada, esperamos uma desaceleração da economia a partir do segundo semestre".
Estima-se assim uma quebra no poder de compra das famílias e que a atividade do setor privado esteja moderada.
Para 2023, a Fitch antecipa uma desaceleração no crescimento do PIB para 1%, seguida de uma recuperação para 2,2% em 2024.
No documento hoje divulgado, a agência alertou também para o facto de Portugal continuar exposto aos preços globais das 'commodities', apesar da "limitada exposição direta ao choque da oferta de energia na Europa".
A Fitch disse também que um aumento repentino e significativo das taxas de juro pode afetar as famílias, nomeadamente, devido ao crédito à habitação, apesar de existirem alguns fatores atenuantes.
A próxima, e última, agência prevista olhar para o 'rating' de Portugal é a Moody's, em 18 de novembro.
O 'rating' é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito.
Os calendários das agências de 'rating' são, no entanto, meramente indicativos, podendo estas optar por não se pronunciarem nas datas previstas ou avançarem com uma avaliação não calendarizada.
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