Em comunicado, a Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Elétricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal) diz ter já questionado a administração, num ofício, sobre a "ilegal falta de resposta patronal".
"A Comissão Intersindical da EDP (sindicatos SIESI, SITE CSRA, SITE Centro-Norte e SITE Norte) exige o respeito pela negociação coletiva, um direito inscrito na Constituição, e alerta que, a manter-se esta postura anti-negocial da administração, analisará com os trabalhadores ações a desenvolver", sustenta.
No comunicado, a estrutura da Fiequimetal no grupo EDP recorda que "este tem vindo a apresentar lucros cada vez maiores e, nos primeiros nove meses deste ano, já atingiu a bonita soma de 968 milhões de euros (resultado atribuível e interesses não controláveis), um aumento de 35,2% em relação ao mesmo período de 2021".
Neste contexto, sustenta, "a reivindicação de mais 150 euros no salário de cada trabalhador é mais do que justa, para fazer face ao aumento da inflação que, entretanto, já atingiu 11,1%", sendo o aumento salarial "condição essencial para que haja um mínimo de justiça na distribuição da riqueza criada".
"A administração, que afirma ser a EDP uma empresa de referência e "top 'employer'", tem de passar das palavras bonitas aos atos e valorizar o seu capital mais importante, os trabalhadores", afirma.
Tal como a agência Lusa noticiou no passado dia 13 de outubro, os sindicatos reclamam um aumento "imediato" de 150 euros para todos os trabalhadores do grupo EDP, defendendo que os 14 milhões de euros que esta medida representa é um valor "realista" e "ao alcance da situação económica" da empresa.
"Para valorizar os salários e recuperar o poder de compra, uma delegação da Fiequimetal e da Comissão Intersindical da EDP entregou na sede, em Lisboa, uma proposta de revisão imediata das tabelas salariais e matérias de expressão pecuniária, reivindicando 150 euros de aumento para todos os trabalhadores das empresas do grupo", avançou, na altura, a Fiequimetal, em comunicado.
Numa declaração gravada momentos antes da entrega da proposta, em 12 de outubro, o coordenador da Fiequimetal, Rogério Silva, destacou as perdas salariais dos trabalhadores da EDP, estimadas em 5,9%, face a uma inflação estimada de 7,4% este ano, salientando que estas contrastam com os lucros obtidos e os dividendos distribuídos pela EDP em 2021.
Na fundamentação económica da proposta, a Fiequimetal sustenta que "esta é realista e a sua aceitação está ao alcance da situação económica do grupo EDP", que em 2021 obteve 1.104 milhões de euros de lucro líquido, distribuiu 750 milhões de euros de dividendos aos acionistas e pagou "quase 11 milhões de euros aos 10 membros do Conselho de Administração".
"Nos últimos seis anos (2016-2021), a EDP acumulou lucros no montante de 6.682 milhões de euros", argumenta ainda a federação sindical, acrescentando que, "no primeiro semestre de 2022, os lucros depois de impostos já aumentaram 22,7% em relação a igual período de 2021".
Em contrapartida, sustenta, "a proposta de 150 euros de aumento salarial representa pouco mais de 14 milhões de euros".
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