A Endesa atribui o resultado de 2022, parcialmente, "ao bom comportamento do negócio do gás" num ano marcado pela maior produção de eletricidade com recurso ao gás, em centrais de ciclo combinado.
Este aumento da produção de eletricidade com recurso ao gás deveu-se à necessidade de compensar os efeitos da seca na Península Ibérica (que afetou a geração hidroelétrica, que depende da água armazenada nas barragens) e da paragem das centrais nucleares francesas (o que aumentou a exportação de energia para França, a partir de Espanha).
A Endesa diz que os resultados de 2022 também se devem a uma "menor deteriorarão do negócio" da empresa fora da Península Ibérica, comparando com 2021.
A empresa é a maior elétrica espanhola e a segunda na distribuição de gás em Espanha.
Em Portugal, a Endesa produz e distribui eletricidade, tendo no ano passado ganhado o concurso para a reconversão da central do Pego (Abrantes), com um projeto de investimento de 600 milhões de euros.
A Endesa tem ainda em Portugal projetos para geração de energia solar no Algarve e na barragem do Alto Rabagão (Montalegre).
Num comunicado sobre os resultados de 2022 divulgado hoje, a empresa destaca que no ano passado fez investimentos de 2.343 milhões de euros, mais 8% do que em 2021 e o valor mais alto de sempre na história da Endesa.
Em 2023, a empresa espera aumentar o valor dos investimentos em 20%.
As receitas da Endesa alcançaram 32.896 milhões de euros em 2022, mais 57% do que em 2021.
Os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) alcançaram os 5.327 milhões de euros, mais 25% do que em 2021.
A Endesa fechou 2022 com 10,5 milhões de clientes para fornecimento de eletricidade em Portugal e Espana.
"Superámos com êxito um dos exercícios mais desafiadores dos últimos anos, tanto por causa do contexto de mercado como por causa das intervenções regulatórias", afirma o presidente executivo da Endesa, José Bogas, citado no comunicado divulgado hoje.
Na nota, a empresa sublinha que houve em 2022 "a mais profunda crise energética das últimas décadas" por causa do ataque da Rússia à Ucrânia, e que o ano passado foi também "marcado por numerosas medidas regulatórias tanto a nível europeu como espanhol".
A Endesa refere em particular a taxa extraordinária e temporária aprovada pelo Governo de Espanha sobre as receitas das empresas de energia, por considerar o executivo que estão em causa lucros extraordinários que decorrem da subida da inflação.
A empresa contestou esta taxa na justiça espanhola, por a considerar "injustificada e discriminatória", como se lê no comunicado hoje divulgado pela Endesa.
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