Qatar e Arábia Saudita condenam comentários de ministro israelita

A Arábia Saudita e o Qatar criticaram esta sexta-feira os comentários de um ministro israelita que pediu a "aniquilação" de uma cidade palestiniana, declarações descritas como "racistas" e de "ódio" pelas nações do Golfo.

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© Kobi Wolf/Bloomberg via Getty Images

Lusa
04/03/2023 00:03 ‧ 04/03/2023 por Lusa

Mundo

Israel

Em 26 de fevereiro, dois jovens colonos israelitas foram baleados e mortos no seu carro em Huwara, perto de Nablus, no norte da Cisjordânia. Em reação a este incidente, seguiram-se ataques de colonos israelitas na cidade palestiniana.

"Acho que Huwara devia ser eliminada. Acho que é isso que o Estado de Israel deve fazer", referiu o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, na quarta-feira.

O ministro israelita retratou-se depois, destacando na rede social Twitter que não pretendia "destruir Huwara, mas apenas agir de forma direcionada contra os terroristas".

As suas declarações foram imediatamente denunciadas por Paris, Washington e pelo Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk.

Já o Ministério dos Negócios Estrangeiros saudita expressou esta sexta-feira s sua "total rejeição" das "declarações racistas e irresponsáveis que refletem a violência e o extremismo empregue pela ocupação israelita" contra os "irmãos palestinianos", de acordo com a agência de notícias oficial SPA.

O Qatar denunciou, por sua vez, os comentários "de ódio e provocativos", considerando-os como "uma incitação séria a um crime de guerra", segundo a agência oficial QNA.

Nem a Arábia Saudita nem o Qatar mantêm relações diplomáticas com Israel.

Israel espera estender a outros países árabes os acordos de normalização anunciados em 2020 com os Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos.

Riade reivindicou repetidamente seguir a posição de décadas da Liga Árabe, que defende não estabelecer relações oficiais com Israel até que o conflito com os palestinianos seja resolvido.

No entanto, a Arábia Saudita tem mostrado sinais de maior abertura a Israel, anunciando no ano passado o levantamento das restrições aos sobrevoos do seu território por aviões que regressam ou viajam para Israel.

Esta região do Médio Oriente regista o início do ano mais sangrento desde 2002, com pelo menos 65 palestinianos mortos em confrontos e incidentes violentos com as forças militares e policiais.

Pelo menos 14 israelitas também já foram mortos nos últimos dois meses no decurso de ataques palestinianos em território ocupado.

O atual Governo de coligação liderado por Benjamin Netanyahu, o mais extremista de direita e racista de toda a história de Israel, com partidos que pretendem um amento da repressão contra os palestinianos e o reforço da colonização judaica nos territórios ocupados, é o principal fator do amento da tensão na região.

Israel garantiu o controlo de Jerusalém Leste e da Cisjordânia em 1967, na sequência da Guerra dos Seis Dias, uma das ocupações mais prolongadas da história recente.

Leia Também: ONU. Alto-comissário acusa palavras "inconcebíveis" de ministro israelita

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