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Bruxelas quer tornar UE na "casa das tecnologias limpas" face aos EUA

A Comissão Europeia propôs esta quinta-feira uma nova lei para tornar a União Europeia (UE) na "casa das tecnologias limpas", querendo 40% da produção sustentável feita em território europeu até 2030 para responder aos subsídios 'verdes' dos Estados Unidos.

Bruxelas quer tornar UE na "casa das tecnologias limpas" face aos EUA
Notícias ao Minuto

13:46 - 16/03/23 por Lusa

Economia União Europeia

Numa altura em que a UE tenta acabar com a dependência energética russa e atingir as suas metas ambientais - como a neutralidade carbónica em 2050 e a redução de pelo menos 55% das emissões poluentes até 2030, estipuladas no Pacto Ecológico Europeu -, Bruxelas apresenta hoje uma nova lei comunitária com vista a desenvolver tecnologia 'limpa' em solo europeu, aumentando o fabrico e garantindo que a União alcança a transição climática.

"O objetivo é abordar ou alcançar, em conjunto, pelo menos 40% das necessidades anuais de implantação de tecnologias estratégicas sem emissões poluentes fabricadas na UE até 2030. A UE é atualmente um importador líquido de várias tecnologias e componentes sem emissões poluentes, mas tem o potencial e os ativos necessários para se tornar um líder industrial neste mercado", salienta o executivo comunitário numa informação hoje divulgada.

Em causa está o apoio europeu a tecnologias solares fotovoltaicas e solares térmicas, projetos de energia eólica terrestre e energia renovável 'offshore', baterias e armazenamento, bombas de calor e energia geotérmica, eletrolisadores e células de combustível, biogás/biometano, captura e armazenamento de carbono e tecnologias de rede.

Na informação à imprensa, a Comissão Europeia salienta que a nova lei "irá reforçar a resiliência e a competitividade do fabrico de tecnologias zero na UE e tornar o sistema energético mais seguro e sustentável", criando então "melhores condições" para a Europa atrair este tipo de investimentos e para se tornar na "casa das tecnologias limpas".

Em concreto, serão criadas "condições favoráveis" ao investimento reduzindo a carga administrativa e simplificando os processos de concessão de licenças, será incentivada a captura e armazenamento de dióxido de carbono principalmente nos setores de difícil redução de energia intensiva, será facilitado o acesso aos mercados com revisão das regras de contratos públicos ou leilões, haverá um reforço das competências técnicas para empregos qualificados, será fomentada a inovação sob condições regulamentares flexíveis e será ainda criada uma plataforma para partilha de dados e de experiências.

A proposta surge depois de, nos últimos meses, as relações transatlânticas terem sido marcadas pelo descontentamento europeu face ao plano dos Estados Unidos de subsidiar a produção local de tecnologias 'limpas' com 370 mil milhões de dólares (cerca de 350 mil milhões de euros), o que é considerado discriminatório e que ameaça levar as empresas europeias a abandonar o continente.

A lei norte-americana da redução da inflação, que entrou em vigor em agosto passado, tem por objetivo reduzir os custos para os norte-americanos, abrangendo, por exemplo, investimentos no setor da energia e subsídios para veículos elétricos, baterias e projetos de energia renovável, mas muitos destes subsídios só incluem produtos fabricados nos Estados Unidos.

Entretanto, a UE decidiu trabalhar no seu próprio plano para fornecer incentivos às tecnologias limpas europeias, que hoje divulgou à imprensa, complementando a entrada em vigor, na passada sexta-feira, de um novo quadro temporário para auxílios estatais, que permite aos Estados-membros apoiarem, até final de 2025, investimentos em energias renováveis, em armazenamento energético e na descarbonização da indústria.

Estima-se que o mercado global da tecnologia 'limpa' valha cerca de 600 mil milhões de euros até 2030, o triplo do seu valor atual.

Leia Também: UE quer reforçar competitividade económica a longo prazo

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