Na audição que decorre esta tarde na comissão de inquérito à TAP, Christine Ourmières-Widener foi questionada pelo deputado do Chega, Filipe Melo, se sabia se o administrador financeiro, Gonçalo Pires, tinha "conhecimento que Alexandra Reis ia ser despedida e se tinha noção dos valores que estavam a ser negociados".
Sobre o processo em concreto, a CEO da TAP respondeu que o administrador financeiro estava a par desta questão com Alexandra Reis porque o informou de que tinham sido concluídas as negociações para a sua saída.
"Depois disso, sobre o valor mesmo não posso confirmar porque não me lembro exatamente. Não posso confirmar que tinha conhecimento do valor", respondeu.
Questionada sobre se só teve com o administrador financeiro "uma conversa informal", Christine Ourmières-Widener assegurou que teve "mais do que uma conversa porque houve mensagens eletrónicas trocadas quando o acordo foi concluído".
A ainda CEO da TAP admitiu que, apesar de não estar envolvida nas nomeações posteriores de Alexandra Reis, quer para a NAV quer para secretária de Estado, ficou surpreendida.
Christine Ourmières-Widener é a terceira personalidade, de uma lista de cerca de 60, a ser ouvida pela comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP, constituída por iniciativa do Bloco de Esquerda.
A ainda presidente executiva da TAP contestou o despedimento e acusou o Governo de ter tido "pressa política" para a demitir, segundo a contestação da defesa, citada pela TVI/CNN.
Na semana passada, foi ouvido o administrador financeiro da companhia aérea, Gonçalo Pires, que assegurou não ter tido qualquer envolvimento no processo da indemnização, apesar de tutelar as contas da empresa.
O Governo anunciou, em 06 de março, que a Inspeção-Geral de Finanças (IGF) tinha concluído que o acordo celebrado para a saída antecipada de Alexandra Reis da TAP era nulo e que ia pedir a restituição dos valores.
Os ministros das Finanças e das Infraestruturas anunciaram também a exoneração com justa causa da presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, e do presidente do Conselho de Administração, Manuel Beja.
A verificação pela IGF da legalidade da indemnização paga a Alexandra Reis foi determinada em 27 de dezembro do ano passado pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, e pelo então ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos.
Em dezembro, Alexandra Reis tomou posse como secretária de Estado do Tesouro, tendo então estalado a polémica sobre a indemnização que recebeu quando saiu da companhia aérea detida pelo Estado, levando a uma remodelação no Governo, incluindo a saída de Pedro Nuno Santos, que foi substituído por João Galamba.
Alexandra Reis é ouvida na comissão de inquérito na quarta-feira.
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