O ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, disse esta quarta-feira, na comissão parlamentar de inquérito (CPI) à TAP, que se penaliza pelo comentário que partilhou com a então CEO da TAP sobre o voo do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O ex-secretário de Estado das Infraestruturas referiu ainda que "a TAP é uma história de sucesso", mas diz tratar-se de "uma história de sacrifícios, suor e lágrimas".
"A TAP é diferente das outras empresas públicas por um terceiro motivo: nenhuma vive um processo de reestruturação como o que a TAP atravessa. Uma empresa é um organismo vivo e uma empresa em reestruturação profunda é um organismo com uma ferida profunda, aberta e a sangrar todos os dias, que exige cuidados de todos os que a querem salvar", começou por dizer Hugo Mendes.
O ex-secretário de Estado das Infraestruturas referiu que "a TAP é uma história de sucesso", mas considera que foi "uma história de sacrifícios, suor e lágrimas".
O antigo governante defende que havia uma responsabilidade do Estado perante a Comissão Europeia para que fosse aprovado e cumprido o plano de reestruturação: "É por isto que a TAP tem de estar sujeita a uma supervisão diferente de qualquer outra empresa pública".
"É ridícula a acusação de que eu queria impedir a TAP de comunicar com as Finanças", disse ainda Hugo Mendes.
Voo de Marcelo? "Penalizo-me pelo comentário que partilhei com a CEO da TAP"
O ex-secretário de Estado reconheceu que foi infeliz a opinião que partilhou com a ex-presidente executiva da TAP sobre um voo do Presidente da República, mas assegurou que não deu qualquer instrução para alterar a data.
"Penalizo-me pelo comentário que partilhei com ex-CEO sobre o senhor Presidente da República, embora quisesse tão só sinalizar junto de alguém com quem tinha uma relação profissional de confiança o apoio que o senhor Presidente da República deu à difícil decisão de resgatar a TAP", disse Hugo Mendes na sua intervenção inicial na comissão de inquérito à TAP a propósito de um email sobre a alteração da data de um voo de Marcelo Rebelo de Sousa.
Reconhecendo que "não devia ter emitido nem partilhado aquela opinião tanto no seu conteúdo como na sua forma", o antigo governante garantiu que não partiu dele "a iniciativa de pedir nada" e que foi o "destinatário de um email" que a ex-CEO endereçou a "expressar uma dúvida".
"Limitei-me a partilhar uma opinião. Foi sem dúvida infeliz, mas eu não dei nenhuma instrução", assegurou.
Na opinião de Hugo Mendes, Christine Ourmières-Widener "tanto sabia que não era uma instrução como tomou a decisão que entendeu ser a melhor na esfera da sua autonomia" e não alterou o voo.
"Se tivesse sido uma instrução que não tivesse esse sido cumprida merecia uma chamada de atenção", ressalvou.
Ourmières-Widener enviou um email a Hugo Mendes a pedir a sua opinião sobre o pedido que recebeu da agência de viagens, tendo o então governante respondido que era importante manter o apoio político de Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que era o "principal aliado" do Governo mas que poderia tornar-se o "pior pesadelo".
Indemnização a Alexandra Reis? "500 mil euros pareceu-me passível de ser aceite"
Sobre o valor dos 500 mil euros pagos à antiga administradora da TAP Alexandra Reis, Hugo Mendes disse que "nunca foram levantados quaisquer riscos jurídicos" e acrescentou: "Não negociei o valor".
O antigo secretário de Estado adiantou ainda: "500 mil euros pareceu-me passível de ser aceite". Justificou que correspondiam a um terço da proposta inicial de Alexandra Reis.
"Considerei que este valor era o ponto de equilíbrio possível entre a defesa dos direitos da empresa e a salvaguarda dos direitos da administradora", acrescentou.
Hugo Mendes disse ainda que a "interação" entre o Ministério das Finanças e o Ministério das Infraestruturas "diminuiu bastante a partir da aprovação do plano de reestruturação da TAP".
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[Notícia atualizada às 15h24]
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