"Compreendo os avisos da presidente do Banco Central Europeu [BCE] porque essencialmente vivemos de expectativas e se as expectativas não forem de alguma contenção da evolução da inflação não vamos conseguir baixar as taxas de juro", afirmou João Pedro Oliveira e Costa aos jornalistas à margem do almoço-debate organizado pelo International Club of Portugal, num hotel em Lisboa.
O gestor disse compreender que Christine Lagarde "ponha algum refrear na economia" para que a baixa da inflação se torne realidade pois "só aí as taxas de juro irão para baixo por parte dos bancos centrais".
O presidente do BPI afirmou ainda que na zona euro já há sinais de abrandamento (e que o "crescimento económico de Portugal tem sido um pouco mais vigoroso que o resto da Europa, mas mesmo assim muito ténue") e que isso também contribuirá para "chamar a atenção do BCE que o ciclo de subida das taxas possa estar a chegar ao fim".
"Eu acho que está a chegar ao fim e depois vai recuar", antecipou.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse hoje que a natureza da inflação na zona euro está a mudar e é improvável que, no futuro próximo, o banco central possa declarar que as taxas diretoras máximas foram atingidas.
Em Sintra, na abertura do Fórum do Banco Central (BCE), Christine Lagarde reafirmou que a inflação na zona euro é demasiado elevada e continuará a sê-lo durante demasiado tempo, sendo que o compromisso do banco central em atingir a meta de inflação de 2% se mantém.
"Ainda não assistimos ao impacto total dos aumentos acumulados das taxas de juro decididos desde julho passado -- que ascendem a 400 pontos base. Porém, o nosso trabalho ainda não terminou", disse.
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