Depósitos? Banca paga duas vezes mais às empresas do que às famílias

Dados do BCE revelam ainda que a banca portuguesa é a 4.ª pior que remunera poupança na zona euro.

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Notícias ao Minuto com Lusa
10/07/2023 08:54 ‧ 10/07/2023 por Notícias ao Minuto com Lusa

Economia

BCE

A banca está a pagar duas vezes mais às empresas do que às famílias pelos depósitos, tanto na zona euro como em Portugal, de acordo com os dados mais recentes do Banco Central Europeu (BCE). 

Na zona euro, os bancos em média, 2,46% pelas poupanças das famílias e 2,95% pelas das empresas, de acordo com os dados do BCE, que pode consultar aqui. De acordo com o ECO, que avançou com a notícia, isto significa que o diferencial de taxas de juro dos depósitos até um ano das empresas e de particulares no espaço da moeda única era de 49 pontos base

No caso de Portugal, esse diferencial é 2,4 vezes superior à média da zona euro, chegando aos 119 pontos base

Banca portuguesa é a 4.ª pior que remunera poupança na zona euro

A taxa de juro paga nos depósitos tem vindo a subir lentamente e, apesar de os bancos publicitarem produtos com melhores remunerações, a banca portuguesa é a quarta pior a remunerar a poupança na zona euro.

Desde julho do ano passado que o Banco Central Europeu (BCE) tem vindo a aumentar as taxas de juro para combater a inflação, contudo, a subida dos juros dos depósitos tem sido muito lenta, apesar da pressão pública que tem havido sobre os principais bancos. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pediu mesmo um "esforçozinho" aos bancos na remuneração dos depósitos.

Em dezembro de 2022, a taxa de juro dos novos depósitos em Portugal foi a mais baixa da zona euro, de 0,35% (bem abaixo dos 1,44% da média da zona euro). Já então em França e Itália as taxas estavam acima de 2% e mesmo em Espanha (país com forte presença de grupos bancários em Portugal) a taxa média era de 0,64%.

Em janeiro, a taxa de juro média passou para 0,56% e em fevereiro para 0,65%. Em março subiu para 0,90%, mas Portugal mantinha o segundo valor mais baixo entre os países da área do euro (apenas à frente de Chipre). Só em abril ultrapassou os 1% pela primeira vez desde 2015, fixando-se em 1,03% os juros médios dos novos depósitos, passando Portugal ao antepenúltimo lugar (à frente de Chipre e Eslovénia).

Em maio, últimos dados disponíveis, a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo subiu para 1,26%, o valor mais alto em oito anos.

Face aos outros países da zona euro, Portugal continua entre as remunerações mais baixas, tendo o quarto valor mais baixo na área do euro, apenas à frente de Chipre (0,94%), Eslovénia (1,09%) e Croácia (1,25%).

Lituânia, Itália e França lideram com os juros mais altos (3,25%, 3,12% e 3,09%, respetivamente).

Apesar da evolução, a taxa de juro média dos novos depósitos era, em Portugal, quase metade da taxa de juro média da zona euro (2,44%).

A justificar a lenta progressão dos juros dos depósitos está, segundo analistas com quem a Lusa tem vindo a falar, a boa liquidez que têm os bancos - isto apesar de muitos clientes procurarem alternativas, como certificados de aforro (apesar de terem baixado a remuneração, o que motivou críticas ao Governo acusado de ceder a pressões dos bancos, o que recusou) - mas também o facto de os portugueses serem em geral pouco dinâmicos na procura de melhores produtos financeiros.

Leia Também: Um a um, estes são os cinco critérios de decisão para o novo aeroporto

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