Em comunicado, aquela associação lamentou também a falta de resposta daquela autarquia a uma missiva na qual a MUBi alertava para a "considerável degradação das condições para a mobilidade ativa e suave" num "eixo crucial da cidade" como a Avenida da Boavista.
O novo serviço da Metro do Porto ligará a Casa da Música à Praça do Império e à Anémona com recurso a autocarros a hidrogénio, circulando em via dedicada na Avenida da Boavista e em convivência com os automóveis na Avenida Marechal Gomes da Costa.
No trajeto ficará a faltar uma ciclovia em toda a sua extensão, já que será mantida no centro da via, junto ao canal do 'metrobus', no troço entre a Fonte da Moura e o Castelo do Queijo, mas não existirá na parte oriental, onde haverá duas faixas para automóvel e uma para o 'metrobus' em cada sentido.
Confrontada com as acusações da MUBi, fonte oficial da Câmara Municipal do Porto esclareceu que foi uma "opção política" eliminar as vias de mobilidade suave: "Foi privilegiado o transporte público numa decisão política por causa de problemas de falta de espaço", referiu.
Segundo aquela fonte, "não cabe lá [na Avenida da Boavista] tudo, ou se optava pelo MetroBus ou pelos modos suaves e, perante essa necessidade de optar, a câmara concordou com a opção da Metro do Porto de privilegiar os meios públicos".
Para a MUBi, a eliminação de vias cicláveis e de passeios para pedestres naquele percurso "viola os critérios de escala de prioridades de mobilidade que deve presidir ao desenho do espaço público, onde naturalmente o peão surge em primeiro lugar, logo seguido dos modos suaves, e só então depois o transporte público e por último o rodoviário individual".
Aquela associação defendeu que "em vias novas ou em reformulação de fundo, como é o caso, é absolutamente exigível implementar as soluções que transmitam claramente essa escala de prioridades".
No texto, a MUBi alerta que está em causa um "sério risco à segurança dos peões" em alguns dos pontos do trajeto pelo que diz estar "muito apreensiva com os efeitos que estas opções de urbanismo irão provocar".
Por fim, a associação insta a autarquia a "repensar o modo como avaliou estes fatores de risco, motivando à revisão das opções tomadas no que toca à priorização de formas de mobilidade, protegendo os utilizadores mais vulneráveis, privilegiando os peões, os modos leves de mobilidade e, por essa via, qualificando o espaço público".
O investimento no BRT é totalmente financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e chega aos 66 milhões de euros, valores sem IVA, e as obras arrancaram no final de janeiro.
Estão previstas as estações Casa da Música, Guerra Junqueiro, Bessa, Pinheiro Manso, Serralves, João de Barros e Império, no primeiro serviço, e na secção até Matosinhos adicionam-se Antunes Guimarães, Garcia de Orta, Nevogilde, Castelo do Queijo, e Praça Cidade do Salvador (Anémona).
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