"Em 2020, mais de 73 mil entidades do setor (...) geraram 3,2% do VAB [Valor Acrescentado Bruto] nacional, 5,0% das remunerações e 5,9% do emprego remunerado (...), o que se traduz em montantes superiores a 5,5 mil milhões de euros, 4,1 mil milhões de euros e 243 mil empregos a tempo completo, respetivamente", refere a quarta edição da Conta Satélite da Economia Social (CSES).
O documento, que analisa o impacto económico-social da atividade de cooperativas, associações mutualistas, misericórdias, fundações, instituições particulares de solidariedade social (IPSS) e associações com fins altruísticos em diversas áreas, realça a evolução da economia social "em contraciclo com a economia portuguesa" no biénio 2019-2020.
"Entre 2019 e 2020, o número de entidades da economia social, o VAB e o emprego remunerado aumentaram 0,4%, enquanto o emprego total aumentou 0,3%, registando um desempenho mais favorável do que o observado na economia nacional, no primeiro ano em que se fizeram sentir os efeitos adversos da pandemia covid-19 (o VAB nacional diminuiu 5,8%, o emprego remunerado 1,4% e o emprego total 2,2%)", pode ler-se no relatório.
Os dados apontam um crescimento de 2,3% no número de entidades face à anterior edição, que incidiu sobre o ano 2016, mas praticamente não mudou entre 2019 e 2020 (mais 0,4%, num total de 73.581 entidades).
Entre os setores abrangidos por estas instituições, sobressaiu a área das atividades relacionadas com cultura, comunicação e recreio, concentrando mais de 40%, seguindo-se as atividades ligadas à religião (12%) e os serviços sociais (9%).
Contudo, em termos de VAB e emprego pesaram mais as áreas da saúde, dos serviços sociais e da educação, em 2020, com 25,5%, 24,9% e 14,3%, respetivamente, em linha com o que já tinha sido registado na anterior edição.
No que toca aos diversos grupos de entidades do setor, mais de 95% (70.613 em 73.581) destas enquadrava-se nas associações com fins altruísticos, representando 62,8% do VAB e 65,5% do emprego remunerado da economia social em 2020.
No período em análise (2019-2020), a distribuição geográfica destas entidades refletia um maior peso da região Norte, com 33%, seguido pelo Centro, com cerca de 25%, e pela área metropolitana de Lisboa, onde estavam aproximadamente 23% destas estruturas.
Apesar da escassez de dados internacionais comparáveis e atuais, o relatório esboça uma comparação do peso relativo da economia social na economia nacional de Portugal (VAB ou PIB) com outros seis países da União Europeia, na qual o país ocupa o terceiro lugar (3,2%), apenas atrás de Itália (3,4% em 2015) e Bélgica (5,5% em 2017).
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