A agência de notação financeira Standard and Poor's (S&P) tem prevista uma avaliação à dívida soberana portuguesa para esta sexta-feira, depois de em março ter reafirmado a avaliação em 'BBB+', com perspetiva estável.
Em setembro do ano passado, a agência subiu o 'rating' da dívida soberana portuguesa de 'BBB' para 'BBB+', com perspetiva estável, pelo que o diretor de investimentos do Banco Carregosa, Filipe Silva, espera agora "que a S&P mantenha o 'rating' e suba o 'outlook' [perspetiva] para a dívida soberana portuguesa".
"Para a S&P, a evolução da dívida é um dos indicadores mais importantes nas suas avaliações. A trajetória descendente da dívida, aliada a uma recuperação económica que tem mostrado consistência, trimestre após trimestre, deverão ser fatores que ajudarão na tomada de decisão", prevê.
O analista considera que "o nível elevado de taxas de juro, poderá a vir causar um abrandamento económico, no entanto, para já, tal não se está a verificar, pelo que a perspetiva para a economia continua bastante otimista".
Também o analista de mercados financeiros da XTB Vítor Madeira, aponta o arrefecimento das principais economias europeias e a subida das taxas de juro, para argumentar que "não haverá grande espaço para que a agência de 'rating' faça grandes alterações ao 'rating' atual".
O analista acredita que "se a conjuntura económica começar a ficar grave para o lado português, será de esperar que o Estado intervenha com mais apoios sociais e aumento dos gastos públicos, por forma a estimular a economia", o que "por sua vez, terá impacto no aumento da dívida, na percentagem de dívida pública em função do PIB e na receita fiscal arrecadada".
"Portugal poderá ser gravemente afetado no seu crescimento económico através das taxas de juro de referência do BCE, uma vez que o país está demasiado exposto ao crédito à habitação com taxa variável. A contínua subida das taxas e a sua permanência [em níveis elevados] por um período longo poderá impactar no crescimento do consumo e por sua vez ter impacto na produção", aponta.
No relatório divulgado em março, a S&P explica que a perspetiva estável refletia a expectativa "de que os elevados níveis de dívida pública e externa de Portugal continuem a diminuir, equilibrando os riscos para o crescimento económico e a trajetória orçamental decorrentes de uma potencial estagflação na Europa" e da incerteza do contexto geopolítico.
De acordo com o calendário das agências, a Fitch volta a olhar para a dívida portuguesa em 29 de setembro e a Moody's em 17 de novembro.
O 'rating' é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito.
Os calendários das agências de 'rating' são, no entanto, meramente indicativos, podendo estas optar por não se pronunciarem nas datas previstas ou avançarem com uma avaliação não calendarizada.
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