Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), na sexta-feira à noite, a administração da Cofina considera que "pese embora a BAFO ['Best and Final Offer' - melhor oferta final] da Media Capital tenha méritos, a BAFO do MBO ['Management Buyout', aquisição feita pelos gestores] é mais vantajosa para a Cofina SGPS".
Nesse sentido, "esta última deverá ser selecionada e aceite, na presente data, através de comunicação para o efeito dirigida ao MBO, e, consequentemente, deverá ser celebrado, entre a Cofina SGPS e o MBO, o contrato de compra e venda das ações da Cofina Media, conforme minuta incluída na BAFO do MBO, cuja concretização estará sujeita à aprovação da assembleia-geral de acionistas da sociedade", lê-se no comunicado.
A administração da Cofina salienta ainda que, "sem prejuízo da decisão referida", e tendo a administração "tomado como conforme com o interesse social ambas as BAFO -- embora uma graduada em primeiro lugar e outra em segundo -- a alienação, ou não, das ações da Cofina Media a um dos potenciais compradores deverá ser sujeita a deliberação da assembleia-geral de acionistas da Cofina SGPS".
Nesse sentido, foi enviado na sexta-feira requerimento ao presidente da Mesa da assembleia-geral da empresa "para que o mesmo proceda à convocatória" da AG "com a maior brevidade possível".
A administração da Cofina SGPS propôs que na AG seja submetida à discussão e votação dos acionistas dois pontos na ordem de trabalhos: "(a) a alienação, ou não, das ações da Cofina Media ao MBO (a qual é, no entender da administração da Cofina SGPS, a decisão que melhor prossegue o interesse social da Sociedade); e (b) em caso de não aprovação do ponto (a), a alienação, ou não, das ações da Cofina Media à Media Capital".
Neste contexto, a Cofina SGPS salienta que "convidou a Media Capital, através de comunicação dirigida à mesma na presente data [sexta-feira], a estar disponível para assinatura do contrato de compra e venda das ações da Cofina Media, conforme minuta incluída na BAFO da Media Capital, em caso de não aprovação, em sede de assembleia-geral de acionistas da Cofina SGPS, do ponto (a)", ou seja, a não venda ao MBO.
Fazem parte da proposta do MBO a equipa de gestão da Cofina Media, quadros da empresa e um conjunto de investidores, entre os quais Luís Santana, Ana Dias, Octávio Ribeiro, Isabel Rodrigues, Carlos Rodrigues, Luís Ferreira, Carlos Cruz, Cristiano Ronaldo, Domingos Vieira de Matos, Paulo Fernandes e João Borges de Oliveira, através da sociedade veículo Expressão Livre SGPS.
Em 15 de setembro, o MBO e a Media Capital, dona da TVI, apresentaram as suas propostas revistas finais, tendo o primeiro apresentado por referência um 'equity value' (o valor) da Cofina Media de 56,7 milhões de euros.
A Media Capital apresentou um 'equity value' de 54,4 milhões de euros, "o equivalente ao preço de qualquer proposta concorrente recebida pela Cofina, até às 16:30 do dia 15 de setembro de 2023, acrescido de 5%" até ao limite de 56 milhões de euros.
A Cofina SGPS refere que para efeitos da decisão de venda, ou não, das ações da Cofina Media - que detém o Correio da Manhã, a CM TV, Jornal de Negócios, entre outros títulos - analisou a contrapartida oferecida pelas ações da Cofina Media; as respetivas condições contratuais propostas; e o plano estratégico que os potenciais compradores pretendem implementar, caso venham a concluir a aquisição, para o desenvolvimento futuro do negócio.
Ambas as BAFO "vão ao encontro do interesse social da Cofina SGPS, designadamente numa perspetiva de valor acrescentado para a mesma e para os seus acionistas, pelo que as ações da Cofina Media deverão ser alienadas a um dos potenciais compradores, sem prejuízo das condições suspensivas associadas a tal alienação", contudo, a proposta do MBO "é mais vantajosa", refere a administração da Cofina SGPS.
Leia Também: Cofina escala em bolsa à boleia das propostas finais de compra