O ministro das Finanças, Fernando Medina, admitiu esta terça-feira que o contexto externo em 2024 vai ser "negativo" para a economia portuguesa, apontando para a incerteza geopolítica e para o aumento das taxas de juro.
"Temos um contexto externo que durante 2024 vai ser negativo para a economia portuguesa", disse o ministro das Finanças, em entrevista à SIC Notícias, depois de ter entregue e apresentado a proposta do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024) e numa conversa onde também abordou temas como a saúde, a TAP e a frente política.
"Todos os dias vemos notícias do que está a acontecer na Europa e no mundo: abrandamento da economia, recessão nos países centrais como a Alemanha, taxas de juro elevadas durante 2024, incerteza geopolítica", apontou.
"A estratégia que temos com este OE é muito realista: temos de fazer face às circunstâncias com que estamos confrontados", explicou Medina.
Estou muito empenhado na tarefa que estou a fazer, quando for tempo de falar sobre o que é o futuro direi
O ministro das Finanças defende que é necessário "segurar a procura interna" e que "há margem orçamental" para aumentar o rendimento das famílias. "País não se pode desligar do rigor das contas certas", rematou.
Confrontado com a degradação no setor da saúde, o ministro das Finanças disse o seguinte: "Este é o segundo OE que apresento com um reforço significativo de verbas para o Serviço Nacional de Saúde (SNS)", que "tem tido verbas consideradas necessárias".
Na frente política, Medina afastou uma candidatura a primeiro-ministro: "Estou muito empenhado na tarefa que estou a fazer, quando for tempo de falar sobre o que é o futuro direi".
Questionado sobre quanto tempo quer manter-se à frente da pasta das Finanças, Medina respondeu que ficará "o tempo que o primeiro-ministro considerar que sou útil, que faço bem o meu trabalho, que conseguimos gerir bem a política económica e o tempo que eu próprio considerar que é certo".
Falaremos sobre o valor da venda da TAP quando concluirmos a operação
Sobre o valor que espera encaixar com a venda de parte do capital da TAP, Medina não se alongou. "É algo que veremos ao longo do processo", rematou, acrescentando que o preço depende do comprador.
"Falaremos sobre o valor da venda da TAP quando concluirmos a operação", disse o ministro das Finanças, escusando-se a adiantar detalhes sobre o resultado. Confirmou, contudo, que a privatização "será de pelo menos 51%, podendo ir até aos 95%".
O governante explicou que neste processo quer uma "TAP melhor", com mais voos e para mais destinos.
O Governo entregou hoje na Assembleia da República a proposta de OE2024, que será discutida e votada na generalidade nos dias 30 e 31 de outubro, estando a votação final global agendada para 29 de novembro.
[Notícia atualizada às 22h22]
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