O Banco Central Europeu (BCE) decidiu, na quinta-feira, deixar as taxas de juro inalteradas, o que acontece pela primeira vez desde julho de 2022. O diretor de operações do intermediário de crédito Poupança no Minuto, João Lemos, considera que este pode ser o "momento certo" para quem tem um empréstimo negociar melhores condições - e explica o motivo.
"Esta decisão veio reforçar a estabilização da pressão das taxas de juro e consequentemente no orçamento das famílias, criando oportunidade para os bancos aplicarem novas soluções e propostas de taxas mistas atrativas, com referencial abaixo dos 4%, onde a Euribor se encontra atualmente", disse João Lemos, em declarações ao Notícias ao Minuto.
E explica: "Estas ofertas permitem providenciar uma estabilidade nos encargos e menor pressão no orçamento das famílias nos próximos dois a quatro anos, a par com das soluções de apoio do Governo para a redução das prestações do crédito à habitação".
Por isso, João Lemos admite que este "pode ser este o momento certo para contratar melhores condições no crédito à habitação comparativamente ao que temos assistido desde finais de 2022".
BCE colocou 'pé no travão' após 10 subidas consecutivas
A pausa do BCE foi anunciada depois de 10 subidas consecutivas das taxas de juro e numa altura em que a inflação dá sinais de abrandar. Deste modo, a taxa de depósitos permanece em 4%, o nível mais alto registado desde o lançamento da moeda única em 1999, enquanto a principal taxa de juro de refinanciamento fica em 4,5% e a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez permanece em 4,75%.
A inflação na zona euro "desceu consideravelmente em setembro", mas espera-se que "permaneça demasiado elevada durante demasiado tempo", referiu o BCE em comunicado divulgado após a reunião de política monetária realizada em Atenas, na Grécia.
Segundo a mesma nota, "os anteriores aumentos das taxas de juro decididos pelo Conselho do BCE continuam a ser transmitidos de forma vigorosa às condições de financiamento. Tal está cada vez mais a atenuar a procura, ajudando, desse modo, a reduzir a inflação".
Com base na sua atual avaliação, "o Conselho do BCE considera que as taxas de juro diretoras estão em níveis que, se forem mantidos por um período suficientemente longo, darão um contributo substancial" para assegurar que a inflação vai regressar ao objetivo de 2%.
Vale recordar que o primeiro-ministro, António Costa, destacou na quinta-feira, em Bruxelas, duas "boas notícias" do BCE, caso do reconhecimento da redução da inflação e a manutenção das taxas de juro.
Referindo-se a uma "dupla boa notícia", o primeiro-ministro realçou que "a primeira é o BCE reconhecer que há uma tendência sustentada da redução da inflação" e a segunda do banco central é a da decisão de "não aumentar de novo as taxas de juro".
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