Nos primeiros nove meses do ano, a margem financeira aumentou 126,9%, para 2.096,1 milhões de euros, segundo os resultados enviados hoje à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
O aumento de 1.172,4 milhões de euros da margem financeira, elemento resultante da diferença entre juros pagos pelos depósitos e juros cobrados nos créditos, teve na atividade em Portugal o seu principal contributo, ao subir 209%.
"A prestação muito positiva da margem financeira da atividade doméstica beneficiou dos efeitos positivos das operações de retalho, resultado do impacto da subida das taxas de juro, e da atividade de tesouraria", aponta o banco público no documento enviado ao mercado.
A receita com a margem financeira inclui, também, 426 milhões de euros de aplicações da CGD no Banco Central Europeu (BCE), uma vez que os bancos depositam os depósitos em excesso no BCE, que remunera esse dinheiro.
As provisões e imparidades em 2023 subiram, até setembro, 690 milhões de euros em termos homólogos, numa evolução que "tem subjacente a continuidade da postura conservadora e preventiva da Caixa na cobertura de eventuais riscos" da conjuntura económica.
Nesse sentido, o presidente executivo do banco, Paulo Macedo, referiu que o cenário atual "recomenda prudência".
Paulo Macedo disse que o banco não sente um aumento do crédito malparado, mas que a atual conjuntura "recomenda prudência".
"Não há questão de fazer provisões fortes, como fizemos para covid e depois não foram usadas. É acautelar em períodos positivos períodos negativos", disse o banqueiro.
Por sua vez, a rendibilidade líquida dos capitais próprios passou de 10,8% no período homólogo de 2022, para 14,4% no final do terceiro trimestre deste ano.
Desde o início do ano, a CGD registou uma descida de 225 milhões de euros na carteira de crédito a clientes em Portugal, que somava, no final de setembro, 45.326 milhões de euros, tendo subido nas empresas e setor público administrativo (19.775 milhões de euros, mais 254 milhões de euros) e recuado nos particulares (25.551 milhões de euros, menos 479 milhões de euros).
Já os depósitos de clientes recuaram 4,9% em Portugal face a dezembro, para 69.064 milhões de euros, somando 53.553 milhões de euros entre particulares (-4,3%), 12.561 milhões de euros nas empresas (-6,5%) e 2.950 milhões de euros nos clientes do setor público administrativo e institucionais (-8,0%).
A relação de custo face a proveitos ('cost-to-income') também recuou para 25,8%, com o banco a destacar "elevados níveis de eficiência" e "melhoria dos proveitos".
O banco público enalteceu, ainda, o cumprimento "com ampla margem" dos requisitos regulamentares para rácios de capital, destacando os desempenhos dos rácios Tier 1 ('common equity tier 1') e Total, que se situaram em 20,1% e 20,3%.
O rácio de crédito malparado (NPL na sigla técnica em inglês) foi de 2,09% em setembro deste ano, abaixo dos 2,43% de dezembro de 2022.
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