De acordo com Isabel Schnabel, membro da Comissão Executiva do Banco Central Europeu, que esteve presente hoje no 35º aniversário da Porto Business School, "ainda não podemos declarar vitória contra a inflação, mas estamos no caminho certo", tendo em conta a descida de valores superiores a 10% para 2,9% em cerca de um ano.
A responsável do BCE disse que, segundo o cenário base da instituição, a inflação vai estar nos 2% na zona euro no final de 2025, mas alertou para os riscos desta previsão, salientando que a "política monetária precisa de ser vigilante" para ver se "há sinais na economia" que levem a instituição a acreditar que as previsões podem não estar corretas.
"A nossa política monetária restritiva atual continua apropriada", indicou, até o BCE estar confiante de que a inflação está a caminho da meta dos 2% que pretende.
A responsável alertou de que aquilo a que chama o "last mile", ou seja, a fase final, da descida da inflação pode levar ainda algum tempo.
Entre os fatores de risco, Isabel Schnabel apontou o crescimento de salários e a resistência de algumas empresas em descer preços depois de os aumentarem com a inflação. As questões geopolíticas, com os conflitos que se desenrolam atualmente, podem acrescentar alguma incerteza à equação, indicou.
Quanto a Portugal, a responsável apontou riscos para as famílias devido ao peso das taxas variáveis nos empréstimos à habitação e realçou a aposta dos portugueses nos certificados de aforro, para compensar a baixa rentabilidade nos depósitos bancários.
Isabel Schnabel discursou na Porto Business School no dia em que foi conhecido que alguns membros do conselho de governadores do BCE são favoráveis a deixar a porta aberta para novas subidas das taxas de juro na zona euro.
É o que revela a ata da reunião de política monetária de 25 e 26 de outubro, que o BCE publicou hoje e que reflete as discussões que levaram a entidade monetária a manter as taxas de juros em 4,5% após dez aumentos consecutivos desde julho de 2022.
Mesmo mantendo as taxas de juro na reunião do final de outubro, alguns membros consideraram que o BCE deveria estar preparado "para aumentar as taxas de juro, se necessário, mesmo que tal não faça parte do atual cenário de base".
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