"No momento atual existe sempre a possibilidade de as tensões geopolíticas internacionais virem a agravar-se e a afetar negativamente a atividade económica na Europa e, por contágio, em Portugal", refere o professor do ISEG António Ascenção Costa em declarações à Lusa.
O economista considera que mesmo excluindo cenários mais pessimistas existem dois riscos potenciais para Portugal: "Uma retoma ainda incerta quanto ao momento do seu arranque e relativamente lenta do crescimento" da zona euro e "um potencial impacto negativo da crise política interna na atividade económica em Portugal".
Para António Ascenção Costa, a crise política deverá arrastar-se por algum tempo, o que poderá afetar o investimento e limitar o crescimento do consumo.
"Ora, num contexto de crescimento à partida reduzido, umas décimas a menos tornam-se significativas. Nada disto é certo, depende de como a crise for sendo gerida e das reações dos agentes económicos, mas está dentro do possível", destaca.
Um cenário também previsto pelo diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade, Pedro Braz Teixeira.
"Temos os riscos geopolíticos, com as guerras na Ucrânia e no Médio Oriente, que poderão vir a ter impactos económicos significativos", assinala, apontando "os riscos políticos, de dificuldade em formar um novo governo e/ou de que saia uma solução governativa pouco sólida".
Para o economista acresce ainda o risco para a economia portuguesa de "a política monetária poderá levar mais tempo a normalizar-se" e as economias europeias levarem "a recuperar menos do que o esperado".
O coordenador do NECEP -- Católica-Lisbon Forecasting Lab, João Borges de Assunção, por seu lado, destaca que "os riscos geopolíticos se mantêm elevados" e "as ameaças ao comércio internacional continuam a crescer".
"Dos tempos da pandemia parecem ter sobrado uma nova classe de políticas protecionistas. A persistência dos conflitos bélicos também afasta as principais economias do mundo umas das outras", assinala.
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