"Quem fala disso [da mudança da bitola] são ignorantes que não conhecem o mercado ferroviário, não conhecem as mercadorias e falam sem saber, não quero pensar que seja por outras razões", afirmou o presidente da Medway, antiga CP Carga, em declarações aos jornalistas à margem da cerimónia de apresentação das novas locomotivas Stadler Euro 6000, em Lisboa.
Questionado sobre se a bitola ibérica, usada em Portugal e Espanha, é a razão para não se avançar com transporte de mercadorias por comboio para lá dos Pirenéus, que separam a Península Ibérica do resto da Europa, Carlos Vasconcelos foi perentório: "A bitola não é o problema", mas sim a falta de rede para que seja competitivo transportar carga por esta via.
"A rede espanhola para mercadorias é exclusivamente bitola ibérica, as ligações a Portugal são todas de bitola ibérica. A Adif [administradora espanhola de Infraestruturas ferroviárias] não tem projetos nos próximos 10, nos próximos 20 anos para alterar esta situação, quem disser o contrário mente abertamente e está a tentar enganar as pessoas", apontou o presidente da Medway.
Carlos Vasconcelos explicou também que construir bitola europeia em Portugal, sem que haja planos em Espanha para fazer a mesma mudança, iria obrigar a fazer dois transbordos de carga, um na fronteira com Espanha e outro na fronteira espanhola com França.
Questionado ainda sobre se a nova linha de alta velocidade entre Lisboa e Porto devia permitir também a passagem de comboios de mercadorias, o responsável defendeu que a nova linha deve ser exclusiva para passageiros, para resolver os congestionamentos atuais.
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