"Julgo que é uma polémica [a da mudança de bitola] que deverá ficar resolvida e acho que também não devemos perder mais tempo com ela do que o necessário", defendeu o secretário de Estado Adjunto e das Infraestruturas, na cerimónia de lançamento do concurso da primeira concessão da Linha de Alta Velocidade Porto-Lisboa.
O governante voltou, assim, a manifestar discordância com a alteração da atual bitola ibérica, usada também em Espanha, para a europeia, defendida por quase 40 especialistas no manifesto intitulado "Portugal, uma ilha ferroviária na União Europeia".
Frederico Francisco disse que os argumentos para defender a alteração assentam em três equívocos, sendo o primeiro o de que a bitola ibérica é o principal obstáculo à redução dos custos do transporte de mercadorias entre Portugal e o resto da Europa.
"Isso não é verdade", afirmou o secretário de Estado, explicando que se trata de problemas de capacidade e não de bitola.
O segundo equívoco apontado pelo governante é o de que existem planos do lado de Espanha para, no horizonte de algumas décadas, fazer a migração para bitola europeia.
"Também não é verdade, Espanha tem um conjunto pequeno de linhas em bitola europeia, todas elas de alta velocidade, apontadas mais a França do que a Portugal", refutou, apontando que "do ponto de vista do transporte de mercadorias, a quase totalidade em Espanha continuará a ser feita em bitola ibérica durante pelo menos as próximas duas décadas".
Assim, vincou o secretário de Estado, "não faria sentido Portugal criar descontinuidade na sua rede".
Por fim, o terceiro equívoco referido por Frederico Francisco é o de que a atual bitola constitui um obstáculo à concorrência, defendo que este é um argumento que "está desfeito a partir do momento em que todos os grandes operadores europeus já atuam na Península Ibérica".
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