Retirar proposta sobre redução de uso de pesticidas mostra "bom senso"

O secretário-geral da Confagri, Nuno Serra, classificou hoje de "elementar bom senso" a decisão da Comissão Europeia de retirar a proposta que visa reduzir para metade o uso de pesticidas na agricultura até 2030.

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Lusa
06/02/2024 12:43 ‧ 06/02/2024 por Lusa

Economia

Confagri

[uma decisão] de elementar bom senso. Ficamos satisfeitos que haja este recuo por parte da Comissão Europeia", disse à Lusa o secretário-geral da Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri).

Nuno Serra defendeu ainda que Bruxelas deve fazer o mesmo relativamente a outras medidas, como a lei dos solos ou do restauro da natureza.

"[Esperamos] que possa ser não só este diploma, mas muitos mais que estão em cima da mesa, possam ser todos reformulados" porque "impactam diretamente na produtividade e na rentabilidade do setor", afirmou, salientando que a medida de redução do uso de pesticidas iria trazer "danos" na produtividade.

"É preciso olhar e fazer uma reflexão profunda da importância que tem este setor e coordenar as políticas públicas a essa importância. Ficamos muito contentes que haja este recuo por parte da Comissão Europeia", afirmou o responsável da Confagri.

A presidente da Comissão Europeia anunciou hoje que vai retirar a proposta da instituição visando reduzir para metade o uso de pesticidas na agricultura até 2030, parte central da legislação ambiental europeia e que cai após protestos dos agricultores.

"A Comissão Europeia propôs a DUS [Diretiva Utilização Sustentável dos Pesticidas] com o objetivo meritório de reduzir os riscos dos produtos fitofarmacêuticos químicos, mas a proposta tornou-se um símbolo de polarização [pois] foi rejeitada pelo Parlamento Europeu e também no Conselho já não se registam progressos, pelo que vou propor ao colégio que retire esta proposta", anunciou Ursula von der Leyen, quando intervinha num debate na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo, dedicado às conclusões da cimeira extraordinária da semana passada, que foi marcada por intensos protestos nos agricultores a cerca de 800 metros do local.

Na sua intervenção no Parlamento Europeu, a líder do executivo comunitário salientou ainda que "a proteção da natureza só pode ser bem-sucedida através de uma abordagem ascendente e baseada em incentivos".

"E só se atingirmos juntos os nossos objetivos climáticos e ambientais é que os agricultores poderão continuar a ganhar a vida. Os nossos agricultores estão bem cientes disso e deveríamos confiar mais neles", adiantou Ursula von der Leyen, numa alusão às queixas do setor sobre as apertadas metas ambientais.

"Enquanto o Conselho Europeu estava reunido, os agricultores de toda a Europa saíram à rua. Muitos deles sentem-se empurrados para um canto, [mas] os agricultores são os primeiros a sentir os efeitos das alterações climáticas", assinalou ainda.

Em novembro passado, o Parlamento Europeu rejeitou, com os votos da direita, legislação destinada a reduzir para metade o uso de pesticidas na UE, o que foi contestado por ambientalistas europeus.

Peça central do Pacto Ecológico Europeu, o projeto legislativo, proposto pela Comissão em junho de 2022, visava reduzir para metade a utilização e os riscos dos produtos fitofarmacêuticos químicos em toda a UE até 2030 (em comparação com o período 2015-2017).

Leia Também: Bruxelas cede a agricultores e recua no plano para cortar nos pesticidas

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