"A expansão da rede será fundamental para garantir o acesso universal à energia", tanto elétrica como térmica, aponta o documento aprovado pelo Governo, recordando que segundo a Estratégia Nacional de Eletrificação, para atingir este objetivo em 2030, com uma percentagem de 70% de soluções ligadas à rede e 30% fora da rede, serão necessárias "aproximadamente 2,5 milhões de novas ligações na rede e dois milhões de ligações fora da rede".
Refere igualmente que serão adicionadas ou melhoradas linhas de alta tensão para fornecer a capacidade hidroelétrica a instalar após 2030, também aos países vizinhos.
"A capacidade adicional de transmissão nos próximos anos dependerá do crescimento da procura nacional e determinará a capacidade do país para exportar eletricidade. Este programa de médio/longo prazo visa permitir à rede elétrica garantir o equilíbrio entre a oferta e a procura, bem como manter a estabilidade da rede elétrica", lê-se no documento, que detalha um dos programas da ETS.
Estabelece igualmente que esta expansão inclui a infraestrutura elétrica doméstica básica, "mas também a criação de novos corredores industriais verdes", nomeadamente o de Nacala, norte do país, "com capacidade para absorver e transportar energias renováveis".
"O objetivo é transportar energia para o sistema centro-norte, aumentar a taxa de acesso universal e fortalecer o desenvolvimento de um processo de industrialização verde nas principais zonas industriais", aponta.
O documento reconhece como fundamental uma "rede interligada viável" e traça o objetivo de "expandir e reforçar" a rede nacional até 2030, para garantir o fornecimento de 28 a 32 TWh [TeraWatt-hora] de energia, "incluindo o desenvolvimento de infraestruturas nacionais e uma quota de 15-25% de energias renováveis".
Depois de 2030, Moçambique "expandirá ainda mais a rede", para suportar 55 a 65 TWh, incluindo 30 a 40% de energias renováveis, subindo para 65 a 75 TWh entre 2040 a 2050, metade garantido por renováveis.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, afirmou na cimeira do clima, em dezembro passado, que a ETS vai colocar o país na "vanguarda da inovação climática".
"Esta iniciativa não apenas coloca Moçambique na vanguarda da inovação climática, como também o posiciona como um destino de investimento atrativo sustentável", disse o chefe de Estado, após intervir, em 02 de dezembro, num dos painéis da cimeira da ONU sobre o clima (COP28), que está a decorrer no Dubai.
O Ministério dos Recursos Minerais e Energia de Moçambique anunciou em 27 de novembro investimentos de 80 mil milhões de dólares (73 mil milhões de euros) na Estratégia de Transição Energética, a implementar até 2050.
"Moçambique tem um grande potencial para ser um líder global no desenvolvimento alinhado com o clima. Isto deve-se aos seus consideráveis recursos de energia renovável e às substanciais reservas de gás natural. O ambicioso ETS estabelece um caminho claro para aproveitar estes ativos e permitir o crescimento sustentável a nível nacional, apoiando simultaneamente a redução de emissões a nível local e mundial", lê-se numa informação daquele Ministério.
No período 2024 a 2030, o Governo moçambicano prevê adicionar 3,5 GigaWatts (GW) de nova capacidade hidroelétrica através da modernização das centrais existentes e da conclusão do projeto hidroelétrico Mphanda Nkuwa.
Vai também "expandir e modernizar a rede nacional" para "absorver o aumento da geração renovável", bem como "impulsionar a energia solar e eólica" através de um programa de leilões de energia renovável.
Também avançará a construção de "parques industriais verdes e corredores habilitados por energia limpa confiável e acessível".
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