Esta semana, a ex-CEO da TAP Christine Ourmières-Widener quebrou o silêncio e voltou a falar (depois de vários meses em silêncio) sobre o caso TAP. A gestora, que está a processar a TAP, defendeu-se, mas também atacou e o alvo foi muito claro: o ministro das Finanças, Fernando Medina, que não tardou em responder.
"Chantagem" ou "falsidade"?
Em causa está a entrevista de Ourmières-Widener à CNN Portugal, na qual a ex-CEO da TAP diz ter sido vítima de "chantagem" e adianta que se sentiu "humilhada" com tudo o que se passou, no seguimento do seu despedimento que foi motivado pela polémica indeminização paga a Alexandra Reis.
"Ele disse-me que não fiz nada de mal, mas que ele tinha de o fazer por motivos políticos. Ele aconselhou-me veementemente a demitir-me pela minha reputação. Chamo a isso chantagem e estar a ameaçar-me e fiz o que ele fez", referiu.
No seguimento destas declarações, o Notícias ao Minuto pediu uma reação ao Ministério das Finanças, mas não foi possível obter uma resposta. Umas horas mais tarde, o ministro das Finanças decidiu reagir, numa resposta enviada à agência Lusa:
"As afirmações da ex-CEO relativamente aos motivos e procedimento do seu despedimento são falsas e lamentáveis", afirmou o responsável pela pasta das Finanças.
"Todos os esclarecimentos foram por mim prestados em sede de Comissão Parlamentar de Inquérito e sê-lo-ão, se necessário, de novo, em sede da ação judicial atualmente em curso", acrescentou.
Vale recordar que a ex-CEO da TAP, na mesma entrevista, considerou que a resposta da TAP à ação que moveu contra a companhia está "cheia de mentiras, ataques e insultos".
"Estão a tentar destruir a minha reputação, o meu passado. Dizem todo o tipo de coisas a meu respeito que não são verdade, que não tive nada que ver com o sucesso da empresa e com os resultados positivos", disse Ourmières-Widener.
Acordo amigável? "Vamos ver"
Questionada sobre se haverá hipóteses de um acordo amigável, Ourmières-Widener disse acreditar "que as pessoas razoáveis podiam ter a oportunidade de ter uma conversa adequada".
"Vamos ver. Não sei. Mas espero que este processo tenha um fim e que tenha o fim correto", acrescentou.
A TAP acusou Christine Ourmières-Widener de violar o regime de exclusividade a que estava obrigada na companhia aérea, por ter acumulado vários cargos noutras empresas, sem informar ou obter autorização.
A ex-CEO da TAP foi exonerada por justa causa, em abril de 2023, no seguimento da polémica indemnização de meio milhão de euros à antiga administradora Alexandra Reis, que levou à demissão do então ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e do seu secretário de Estado Hugo Mendes, e à constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à gestão da companhia aérea.
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