Burkina Faso suspende exportações de ouro de produção artesanal
O Burkina Faso suspendeu as suas exportações de ouro e de substâncias preciosas provenientes da produção artesanal e semi-mecanizada, a fim de "organizar melhor" o setor, anunciou hoje o Governo em comunicado.
© Reuters
Economia Burkina Faso
O Governo do Burkina Faso decidiu "suspender a autorização de exportação de ouro e de outras substâncias preciosas provenientes da produção artesanal e semi-artesanal", uma decisão que entrou em vigor na terça-feira, adiantou o ministro da Energia e das Minas.
"Esta suspensão vem na sequência da necessidade de sanear o setor e reflete a vontade do Governo de melhorar a organização da comercialização do ouro e de outras substâncias preciosas", acrescentou Yacouba Zabré Gouba.
Durante este período de suspensão, cuja duração não foi especificada, "os operadores mineiros que têm quantidades a exportar devem contactar a entidade local "Société Nationale des Substances Précieuses" (Sonasp), que será responsável pelo seu pagamento", disse.
Em novembro, o Presidente de transição no poder desde o golpe de Estado no Burkina Faso, Ibrahim Traoré, declarou que "o ouro se tornou a principal exportação do país".
O Burkina Faso tem 17 minas de ouro industriais, cinco das quais foram encerradas por razões ligadas à frequente violência de extremistas islâmicos que assola o país.
De acordo com os dados oficiais, a produção de ouro no Burkina Faso, que contribui com cerca de 14% das receitas do Estado, diminuirá 13,7% em 2022 em relação a 2021, passando de 66,8 toneladas para 57,6 toneladas.
O setor artesanal gera uma produção anual adicional de cerca de 10 toneladas de ouro, segundo o Ministério das Minas.
No final de novembro, as autoridades de transição que emergiram de um golpe de Estado no Burkina Faso lançaram a construção da primeira refinaria de ouro, com uma capacidade de produção anual de 150 toneladas de ouro com 99,99% de pureza, ou seja, cerca de 400 quilos (kg) de ouro por dia.
Em fevereiro de 2023, o Governo do Burkina Faso requisitou também 200 kg de ouro produzido por uma filial do grupo canadiano Endeavour Mining por "necessidade pública".
Desde 2015, o Burkina Faso luta contra grupos extremistas filiados no Estado Islâmico e na Al-Qaida, que também atacaram nos vizinhos Mali e Níger, dois países igualmente governados por regimes militares e com os quais Ouagadougou se aproximou nos últimos meses.
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