"Apesar de a produção de gás natural em África dever ficar relativamente estável nos próximos dois anos, aumentando ligeiramente de 268 mil milhões metros cúbicos (bcm) para 272 bcm em 2025, há espaço para otimismo sobre o potencial do continente", lê-se no relatório sobre o setor para 2024 da African Energy Chamber.
Os responsáveis pelo estudo argumentam que "para África avançar é fundamental que os produtores continuem a explorar os poços atuais e que as novas descobertas cheguem à Decisão Final de Investimento o mais rapidamente possível".
Existe um "declínio preocupante" na produção prevista para os próximos anos na África Ocidental, nomeadamente na Nigéria, Angola e Guiné Equatorial, que representam 85% da produção de gás da região, que deverá cair para 75% em 2030, e mais cinco pontos em 2035 e para 60% em 2040 face ao nível atual.
"A necessidade de novos projetos começarem a funcionar é crucial para impedir uma suspensão da produção", sublinham.
O documento aponta o exemplo de Moçambique, entre outros, como "notícias positivas" face à previsível subida significativa da produção de gás natural liquefeito neste país lusófono da África Austral.
"Moçambique deverá aumentar a capacidade de exportação dos atuais 3,4 MMtpa (milhões de toneladas métricas por ano) para cerca de 43,5 MMtpa até ao final da próxima década, o maior aumento, de longe, na produção, se todos os obstáculos puderem ser ultrapassados", lê-se no documento.
O relatório passa em revista as principais descobertas de gás e o panorama atual desta matéria-prima, defendida pelos países africanos com a fonte de energia preferida tendo em conta a necessidade de fazer uma transição dos combustíveis poluentes para as energias limpas, sendo o gás uma solução de compromisso fundamental para os países da região.
"Para além de ter o potencial de resolver a pobreza energética que afeta diariamente mais de 600 milhões de pessoas em áfrica, o gás natural é indispensável para muitas indústrias, e estamos a ver um movimento na direção certa, com cerca de doze países africanos a gerarem a sua própria eletricidade com gás que produzem ou importam", lê-se no relatório.
A exploração de gás natural vai criar um enorme conjunto de oportunidades orçamentais e aumentar o rendimento dos africanos, aponta o relatório, estimulando e diversificando a economia através do crescimento económico a longo prazo, e conclui que "as descobertas serão apenas só descobertas se os líderes africanos não tiverem uma abordagem proativa e desenvolverem e capitalizarem os seus enormes recursos naturais".
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