"África precisa de transformação em termos socioeconómicos"

O secretário-geral do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) defendeu hoje a necessidade de transformar o desenvolvimento socioeconómico do continente, reformando as instituições financeiras internacionais, prioridade a debater nos encontros anuais da instituição, em Nairobi.

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Lusa
25/05/2024 19:21 ‧ 25/05/2024 por Lusa

Economia

BAD

frica precisa de transformação em termos de desenvolvimento socioeconómico (...) este é ainda um trabalho em curso. Muito foi alcançado, mas muito precisa ser feito", afirmou Vincent O. Nmehielle, numa declaração antecipando o arranque dos encontros anuais do grupo BAD, que se realizam este ano de 27 a 31 de maio em Nairobi, Quénia, com a prioridade da instituição em liderar o "desafio de reformar as instituições financeiras mundiais".

Vicente O. Nmehielle acrescentou que o BAD pretende refletir sobre o seu papel nesse processo, e nomeadamente ao nível da arquitetura financeira internacional, que recorda ter sido "concebida principalmente para ressuscitar a Europa após a Segunda Guerra Mundial".

"Haverá resultados e decisões tomadas pelos governadores sobre a direção que o banco irá tomar, possivelmente na área da transformação de África e que papel o banco irá desempenhar (...) na reforma da arquitetura financeira internacional", explicou.

O Grupo Banco Africano de Desenvolvimento é a principal instituição africana de financiamento do desenvolvimento e reúne-se em Nairobi com o objetivo de debater "A Transformação de África, o Grupo Banco Africano de Desenvolvimento e a Reforma da Arquitetura Financeira Global".

Vincent O. Nmehielle recordou que as reuniões anuais do BAD permitem ao Conselho de Governadores "examinar o desempenho do banco" e "a direção que está a tomar", sendo de prever a adoção de "decisões relevantes apoiadas por resoluções", além painéis de discussão sobre diversos temas estruturantes.

O Presidente queniano, William Ruto, anfitrião destes encontros do BAD, defendeu, em julho passado, que são necessárias decisões corajosas para evitar que os encargos da dívida dos países africanos sejam demasiado onerosos: "África tem 640 mil milhões de dólares em dívida e paga quase 70 mil milhões de dólares em juros todos os anos. Seria justo que dispuséssemos de um mecanismo de financiamento que nos tratasse em pé de igualdade".

A 59.ª Reunião Anual do Conselho de Governadores do Banco Africano de Desenvolvimento e a 50.ª Reunião do Conselho de Governadores do Fundo Africano de Desenvolvimento vão decorrer no Centro Internacional de Conferências Kenyatta, em Nairobi, com a presença de membros de Governo, chefes de Estado e antigos Presidentes dos países africanos, num total de mais de 3.000 participantes.

De acordo com o programa provisório, entre dezenas de outros participantes, está prevista uma intervenção do antigo Presidente de Moçambique Joaquim Chissano, na quarta-feira, no painel de alto nível.

Segundo o BAD, apesar de um "crescimento económico sustentado ao longo das duas últimas décadas, a transformação económica de África continua incompleta", tendo o Produto Interno Bruto (PIB) real do continente crescido 4,3% por ano entre 2000 e 2022, "em comparação com a média mundial de 2,9%, e muitas das dez economias de crescimento mais rápido do mundo situavam-se em África".

"Apesar deste sólido desempenho em termos de crescimento, a estrutura das economias africanas não se alterou significativamente nas últimas duas décadas, com os setores da agricultura, da indústria e dos serviços a representarem, em média, 16, 33 e 51%, respetivamente, do PIB global de África entre 2000 e 2022. Estes níveis são semelhantes aos registados na década de 1990", recorda.

Também o emprego na indústria transformadora "tem vindo a diminuir devido a uma desindustrialização prematura", já que "apesar do aumento do número de empregos", de 20,2 milhões em 2000 para 33,3 milhões em 2021, "o setor contribui com menos de 10% do emprego total".

O Grupo Banco Africano de Desenvolvimento conta com 81 Estados-membros, entre 53 países africanos e 28 países fora do continente, incluindo Portugal.

Leia Também: África? É preciso implementar "processo colaborativo"

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