Lagarde e Lane foram confrontados com perguntas, depois de uma semana com maior turbulência nos mercados franceses e que retirou cerca de 240 mil milhões de euros em capitalização bolsista e que fez com que os juros da dívida francesa aumentassem mais que as comparáveis alemãs.
"A estabilidade dos preços é paralela à estabilidade financeira", disse Lagarde aos jornalistas na segunda-feira, enquanto visitava um centro de investigação de computação quântica em Massy, a sudoeste de Paris.
"Estamos atentos ao bom funcionamento dos mercados financeiros e penso que hoje, de qualquer forma, continuamos a estar natentos, mas apenas isso", afirmou, citada pela Bloomberg.
Os mercados franceses apresentam alguns sinais de estabilização, depois de a líder da extrema-direita, Marine Le Pen, se ter comprometido a trabalhar com o chefe de Estado, Emmanuel Macron, caso esta vença as próximas eleições.
As eleições legislativas em França estão marcadas para 30 de junho e 07 de julho, já que o sistema eleitoral prevê a realização de duas voltas, na sequência da decisão do Presidente francês de dissolver o Parlamento com a vitória destacada do RN nas eleições europeias.
Nas eleições europeias de dia 09 de junho, a lista encabeçada por Jordan Bardella obteve a vitória, com 31,37% dos votos, mais do dobro dos votos obtidos pelo partido de Macron (14,6%).
Em terceiro lugar ficou o Partido Socialista (PS) com 13,83%, seguido da França Insubmissa (LFI, 9,89%), LR (7,25%), Os Verdes (5,50%) e o Reconquista com 5,47%.
Também citado pela Bloomberg, o economista-chefe do BCE Philip Lane mostrou-se hoje otimista em relação à turbulência da semana passada.
"O que estamos a ver nos mercados é, obviamente, uma reavaliação", afirmou.
Lane defendeu, ainda, que não devem ser aplicadas medidas injustificadas que "constituam uma série ameaça à transmissão de política monetária".
O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos apontou, numa conferência em Espanha, que os movimentos de preços têm sido "ordenados, sem um impacto extremo".
A título pessoal, o antigo ministro das Finanças espanhol mostrou-se preocupado com os recentes desenvolvimentos políticos.
"Estou preocupado com os movimentos iliberais que põem em causa o processo de integração europeia", afirmou, citado pela Bloomberg.
"Neste mundo de renacionalização, de regresso às questões internas, a única solução é estarmos mais unidos", defendeu.
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