Leilão de eólicas 'offshore' deve incluir "apoio estatal" aos projetos

A norueguesa Equinor considera que uma das condições do leilão de eólicas 'offshore' que o Governo português pretende lançar deve ser apoio estatal aos projetos, na forma de contratos por diferenças, devido ao custo elevado da tecnologia flutuante.

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© Dado Galdieri/Bloomberg via Getty Images

Lusa
21/06/2024 09:19 ‧ 21/06/2024 por Lusa

Economia

Equinor

"Estes projetos vão precisar de um tipo de apoio estatal, do género do que normalmente preferimos, que é algo chamado contratos por diferenças bidirecionais", disse aos jornalistas a diretora de desenvolvimento de negócios para a Europa da Equinor Renewables, Natalja Altermark, durante a visita de uma delegação portuguesa às instalações de Dalsøyra, perto de Bergen, na Noruega, onde a energética estatal norueguesa está a fazer a manutenção de turbinas eólicas do parque flutuante Hywind Escócia, o primeiro do género no mundo e que está em operação desde 2017.

A Equinor foi uma das 50 empresas que formalizaram a sua manifestação de interesse no leilão de eólicas 'offshore' que o Governo pretende lançar, mas o modelo, as condições e as datas do processo não são ainda conhecidas.

Quando questionada sobre que condições deve o leilão inclui para que seja interessante para um grupo como a Equinor, Natalja Altermark apontou a questão da subsidiação dos projetos, através de contratos por diferença (CfD) bidirecionais, habitualmente usados no setor energético, em que o produtor vende a eletricidade no mercado, mas posteriormente liquida a diferença entre o preço de mercado e o preço de exercício previamente acordado com a entidade pública e em que as eventuais receitas excedentárias são distribuídas aos clientes finais.

"As eólicas 'offshore' flutuantes ainda são uma tecnologia mais cara do que a fixação ao fundo do mar e, em Portugal, como na Noruega, devido às condições do solo e à profundidade, vai ser preciso, julgo eu, que quase 95% do que pode ser instalado no mar tenha tecnologia flutuante", explicou a responsável da Equinor.

Natalja Altermark apontou também a necessidade de diminuir os riscos associados às áreas marítimas que serão colocadas no leilão, que têm de coexistir com as atividades piscatórias.

"Precisamos de perceber o impacto social, económico e ambiental que o projeto terá, por isso quanto mais pudermos trabalhar com as autoridades no sentido ter este processo de diminuição do risco para desenvolver as áreas, melhor para nós", realçou.

Aliado a isto, a responsável considerou vantajoso que o leilão preveja projetos de larga escala.

"Vai ser mais difícil, não só para a Equinor, mas para qualquer promotor investir se apenas virmos um projeto. Se houver um 'pipeline' de projetos a chegar, é mais fácil começar a investir num novo mercado como Portugal", considerou.

A Noruega tem o objetivo de atingir a produção de 30 gigawatts (GW) de energia eólica 'offshore' até 2040 e a Equinor, que é responsável por cerca de 70% da produção de petróleo e gás do país, estabeleceu o objetivo de aumentar a capacidade instalada de energias renováveis para 12 a 16 GW até 2030, grande parte através de projetos eólicos 'offshore' de grande escala.

Leia Também: Ministério abre concurso para projetos de hidrogénio e gás renovável

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