BCE não podia ir mais longe para travar inflação. "Teria causado perda"

O Banco Central Europeu (BCE) não podia ter ido mais longe nas medidas para tentar travar a inflação, caso contrário, verificar-se-ia uma perda de produção "muito substancial", dificultando uma recuperação "já anémica", defendeu Giorgio Primiceri da Northwest University.

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Lusa
02/07/2024 10:51 ‧ 02/07/2024 por Lusa

Economia

Inflação

"Se o BCE tivesse tentado estabilizar a inflação, mais do que fizeram, isso teria causado uma perda de produção muito substancial, dificultando uma recuperação já anémica", afirmou Giorgio Primiceri, que falava no fórum do BCE, em Sintra.

De acordo com o especialista, as perspetivas de curto e médio prazo no que diz respeito à inflação e à política monetária "dão-nos razões para sermos otimistas".

A curto prazo, estima-se uma trajetória "relativamente suave" de regresso ao objetivo de inflação na economia do euro.

Já a médio prazo, as previsões são otimistas porque, conforme apontou, o BCE não sofreu qualquer perda de credibilidade devido ao aumento da inflação em 2021.

O professor, autor do texto "Os impulsionadores da inflação pós-pandemia", defendeu ainda que o comportamento da inflação nos EUA e na zona euro foi bastante semelhante, assim como algumas das suas causas.

"Durante o período da Covid-19, ambas as economias foram afetadas por graves choque na oferta, que limitaram a capacidade produtiva", referiu, durante a sessão apresentada pelo vice-presidente do BCE, Luis de Guindos.

O docente apontou ainda que a recessão na zona euro foi mais grave do que nos EUA e que a recuperação foi mais lenta.

Em particular, no que se refere ao aumento do preço da energia, notou que a eletricidade e o gás subiram "muito mais" na zona euro do que nos EUA.

Contudo, o preço da gasolina agravou-se mais nos EUA do que na Europa.

A propósito do documento discutido nesta sessão, a presidente da Reserva Federal de São Francisco, Fernanda Nechio, que ressalvou estar a exprimir opiniões pessoais e não do banco central, concordou que a dinâmica da inflação, desde a pandemia, tem sido bastante semelhante nos EUA e na zona euro, explicando que as "perturbações na oferta" foram responsáveis pelas dificuldades de recuperação na Europa.

Fernanda Nechio acrescentou que a pandemia de Covid-19 constituiu um "choque adverso" tanto para a oferta, como para a procura, sublinhando ainda que as políticas monetárias nestas duas economias eram "muito mais semelhantes" do que as políticas orçamentais.

Na última reunião, em junho, o BCE avançou com um corte das taxas diretoras em 25 pontos-base. A próxima reunião está marcada para dia 18 de julho.

O Fórum BCE realiza-se em Sintra e decorre até 3 de julho, juntando algumas das principais figuras dos bancos centrais para discutir a evolução da política monetária.

Leia Também: Taxa de inflação na zona euro cai para 2,5% em junho

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