Analistas mais inclinados para manutenção do rating de Portugal pela DBRS
A DBRS vai fazer uma nova avaliação da dívida soberana portuguesa, e há analistas que vislumbram uma subida do 'rating', ainda que a maioria dos especialistas consultados pela Lusa aposte na manutenção, com uma subida do 'outlook'.
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Economia DBRS
"A economia portuguesa continua a mostrar resiliência e crescimento, fator que a tem destacado das suas congéneres europeias", nota Filipe Silva, diretor de Investimentos do Banco Carregosa, à Lusa, apontando que "Portugal tem conseguido reduzir o nível de endividamento" e "o custo de refinanciamento da dívida tem vindo a baixar, fator que deve ainda pesar menos" se se vier "a ter nova redução de taxas de juro no final do ano".
Além disso, por esta altura, "a estabilidade política, bem como medidas que venham a fomentar ainda mais a economia, deverão permitir manter um ritmo de crescimento sustentável que deverão permitir ter melhorias orçamentais".
Neste enquadramento, o analista diz esperar que a DBRS suba o 'rating' de Portugal, bem como o 'outlook' (perspetiva), que atualmente é estável, para positivo.
Numa nota de análise do mês de julho, Paula Carvalho, economista-chefe do gabinete de estudos do grupo BPI, também destaca que "as principais notícias no domínio da macroeconomia relativas a Portugal têm sido favoráveis".
"Diríamos mesmo que a tendência futura, se tudo o resto não sofrer grandes alterações (importante premissa, dado o contexto político mundial muito complexo que vivemos), será para melhorar, como se pode aferir pelo sentido das revisões de cenários de várias instituições, apreciação de agências de 'rating', retirada de Portugal dos designados MIP (Macroeconomic Imbalance Procedure, na sua sigla em inglês) e também pela análise de vários indicadores", salienta.
Por outro lado, Vitor Madeira, analista da Xtb, sinaliza à Lusa que "segundo toda a informação disponível parece que o panorama macroeconómico está semelhante, sendo que o mais provável será a manutenção do mesmo 'rating'".
O responsável destaca que "as quedas nos rendimentos (yields) das obrigações a 10 anos pagas pelo Estado têm demonstrado um sentimento otimista em relação ao risco", mas que "não devemos esquecer que a expectativa de mais cortes na taxa de juro pelo Banco Central Europeu tem ajudado".
"Quando comparamos as 'yields' das obrigações portuguesas com as da Alemanha e da França, conseguimos ver que Portugal está neste momento com uma taxa de 3,008%, enquanto a Alemanha está com 2,413% e a França com 3,075%", pelo que "a curva de rendimentos demonstra que a capacidade de pagamento da dívida contraída por parte de Portugal é superior à da França, mas inferior à da Alemanha", salienta o analista.
Ricardo Amaro, analista da Oxford Economics, destaca à Lusa que "na última avaliação a DBRS manteve uma perspetiva estável", pelo que não espera uma subida de 'rating'.
"Até porque desde a última avaliação, tem havido uma certa continuidade tanto às perspetivas económicas como para as finanças públicas, que são as variáveis mais importantes para as agências de 'rating'", salienta.
O analista aponta também que "a DBRS já classifica Portugal um nível mais alto que as outras agências, reforçando a ideia de que no máximo esta semana teremos uma subida das perspetivas (outlook), que sinalizaria uma provável subida do 'rating' em reuniões futuras".
Em janeiro, a DBRS confirmou o 'rating' de Portugal em 'A', mantendo ainda a perspetiva 'estável'. Já em março, a Standard & Poor's (S&P) subiu a notação da dívida soberana portuguesa de 'BBB+' para 'A-' o que fez o 'rating' do país atingir o patamar 'A' em todas as principais agências.
A DBRS é a primeira agência de notação financeira a pronunciar-se no segundo semestre do ano. Segue-se a S&P, em 30 de agosto, a Fitch a 20 de setembro e a Moody's em 15 de novembro, fechando as avaliações em 2024.
O 'rating' é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito.
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