"Em julho, 74% dos novos empréstimos à habitação foram contratados a taxa mista (isto é, com taxa de juro fixa num período inicial do contrato, seguido de um período com taxa de juro variável)", refere o Banco de Portugal (BdP) numa nota estatística.
Segundo o banco central, "o aumento do peso das novas operações a taxa mista tem-se refletido na recomposição do 'stock' de crédito à habitação: em julho, estes contratos já representavam 26,8% do 'stock' de crédito à habitação, o que compara com 6,4% em dezembro de 2022".
Em 2023, na sequência da subida das taxas de juro, assistiu-se a um aumento das novas operações de crédito à habitação com taxa mista, isto é, empréstimos com taxa de juro fixa num período inicial do contrato, seguido de um período em que a taxa de juro é variável.
Deste modo, estas subiram de 16% do montante de novas operações em dezembro de 2022 para 74% em abril passado.
Os dados divulgados hoje pelo banco central evidenciam ainda que as amortizações antecipadas de crédito à habitação representaram 0,89% do 'stock' de empréstimos em julho, mais 0,08 pontos percentuais do que no mês anterior.
As amortizações antecipadas totais (que incluem os contratos finalizados por amortização da dívida do devedor, as consolidações de crédito em novo contrato e as transferências de crédito para outra instituição) corresponderam a 90% das amortizações antecipadas.
A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável e que esteve acima de 4% entre setembro e dezembro do ano passado, avançou hoje para 3,381%, após na segunda-feira ter estado em mínimos, a 3,351%.
Dados do BdP referentes a junho apontam a Euribor a seis meses como a mais utilizada, representando 37,5% do 'stock' de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que a Euribor a 12 e a três meses representava 33,7% e 25,7%, respetivamente.
No prazo de 12 meses, a taxa Euribor, que esteve acima de 4% entre junho e novembro, subiu hoje para 3,113%, face aos 3,072% em que se fixou no início da semana.
Já a Euribor a três meses voltou a atingir hoje mínimos, fixando-se em 3,458%, o valor mais baixo desde 25 de maio de 2023.
Em 18 de julho, o BCE manteve as taxas de juro diretoras e a presidente, Christine Lagarde, não esclareceu o que vai acontecer na próxima reunião em 12 de setembro, ao afirmar que tudo depende dos dados que, entretanto, forem sendo conhecidos.
Na reunião anterior, em junho, o BCE tinha descido as taxas de juro diretoras em 25 pontos base, depois de as ter mantido no nível mais alto desde 2001 em cinco reuniões e de ter efetuado 10 aumentos desde 21 de julho de 2022.
Os analistas antecipam que as taxas Euribor cheguem ao final do ano em torno de 3%.
A média da Euribor em agosto voltou a descer em todos os prazos, tendo baixado a três meses para 3,548% (3,685% em julho), para 3,425% a seis meses (3,644% em julho) e para 3,166% a 12 meses (3,526% em julho).
As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.
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