Em entrevista ao canal público France Inter, o novo ministro da Economia de França, Antoine Armand, sublinhou que , no último meio século, excluindo "um ou dois anos de crise excecional", o défice atual é "um dos piores" da história do país.
O défice público aumentou no ano passado para 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB), quando a previsão orçamental era de 4,9%, devido a receitas muito inferiores às previstas.
Além disso, o Tesouro previu que França vai terminar este ano com um défice de 5,6%, longe do limite máximo de 3% recomendado pelas regras europeias, e também com uma dívida de 112% do Produto Interno Bruto (PIB). Tendo em conta esta situação e as perspetivas, a Comissão Europeia abriu um procedimento de supervisão do défice excessivo para a França (tal como para outros países).
"Vamos trabalhar à altura da gravidade da situação", disse Armand, mas para além de indicar que tenciona discutir com os empregadores e os sindicatos, não especificou que impostos poderiam ser aumentados e quem seria afetado.
Armand afirmou que esta é uma responsabilidade do seu colega das Finanças, Laurent Saint-Martin, que será responsável pela elaboração do orçamento para 2025, sob a supervisão do primeiro-ministro, e que este deverá ser conhecido em 9 de outubro, com alguns dias de atraso devido à constituição tardia do novo executivo.
Armand afirmou que a preocupação é que estes novos impostos "não impeçam o crescimento da economia e a criação de emprego".
O presidente da associação patronal Medef, Patrick Martin, disse noutra entrevista à France Info que as empresas "se tiverem de ser feitas numa base excecional e temporária, poderão contribuir, mas em pequenas proporções".
Martin insistiu que as empresas não podem ser "a variável de ajustamento" da situação das finanças públicas e que é o Estado que tem "bolsas de poupança absolutamente colossais que, em muitos casos, foram identificadas há anos, e é aí que se pode atuar".
A este respeito, o presidente do Mouvement des Entreprises de France (Medef) recordou que França é o país com a carga fiscal mais elevada do mundo e que, apesar de tudo, continua a ter "défices colossais".
Quanto à questão do aumento da tributação dos ricos, o ministro limitou-se a salientar que aqueles que possuem "ativos muito elevados" são os que "podem talvez contribuir mais" na situação atual.
Mas quando questionado sobre o restabelecimento do imposto sobre o património (ISF), que foi abolido pelo Presidente Emmanuel Macron logo após a sua tomada de posse em 2017, o ministro da Economia respondeu que isso foi feito para que o dinheiro de muitas pessoas ricas pudesse ser investido na economia e que se tem "de olhar para a questão de forma global".
Lembrou ainda que o ISF permitiu angariar 4.000 a 5.000 milhões de euros, quando "a dívida é de biliões de euros".
Leia Também: Estes países são os principais destinos das empresas portuguesas