"Percebemos que um conjunto de produtores aflitos que estão com a situação terrível nas suas explorações tiveram receio do sequestro, mas queremos tranquilizá-los", afirmou à agência Lusa o governante, em Évora.
Assinalando que a tutela não persegue ninguém que tenha a doença nas suas explorações, o governante disse que é preciso declarar a sua existência para se saber "o verdadeiro estado da arte" para que as autoridades possam "atuar em conformidade".
A doença da língua azul já afetou, pelo menos, 279 explorações de bovinos e ovinos, sobretudo em Évora e Beja, e provocou a morte de 1.775 animais, de acordo com dados disponibilizados à Lusa pelo Ministério da Agricultura.
Na segunda-feira, o presidente da ACOS - Agricultores do Sul, Rui Garrido, disse que estão a ser recolhidos por dia, através do Sistema de Recolha de Cadáveres de Animais Mortos na Exploração, mais de 2.000, quando em situações normais são 400.
João Moura falava após participar numa sessão de esclarecimento sobre a língua azul, durante o "Dia Aberto Merino", organizado pela Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Raça Merina (ANCORME), em Évora.
O novo serotipo 3 da doença, que afeta sobretudo ovinos, foi detetado, pela primeira vez, em meados de setembro, no distrito de Évora, e alastrou, desde então, a todo o Alentejo, provocando a morte de milhares de animais.
Segundo o Governo, a subvenção para as Organizações de Produtores para a Sanidade Animal (OPSA) referente a este ano vai aumentar um milhão de euros para compensar os custos com as vacinas contra a doença da língua azul.
"Temos um incentivo de um milhão de euros, a pronto, para compensar as OPSA, e diretamente os produtores, que investiram na vacinação", afirmou o secretário de Estado.
O governante realçou que já foram administradas mais 100.000 doses da vacina contra o novo serotipo 3 da febre catarral ovina, conhecida como doença da língua azul em Portugal, escusando-se a revelar mais pormenores sobre os apoios.
O Ministério da Agricultura e Pescas, disse, já está a preparar "uma campanha grande em Portugal de desinsetização", a qual deverá estar no terreno no próximo ano com um custo "na ordem de 5,6 milhões de euros".
A campanha incluirá "a colocação de armadilhas em diferentes partes do território nacional para se saber como é que os insetos se estão a mover, os focos, onde é que estão as ameaças para estarmos devidamente preparados", sublinhou.
O secretário de Estado da Agricultura admitiu que o Governo português pode, se for necessário, junto da União Europeia e de outros países, vir a pedir que a vacina se torne comercial para que seja possível incluí-la no Plano Nacional de Vacinação.
Também em declarações à Lusa, Miguel Madeira, vice-presidente da ACOS, de Beja, considerou que as medidas explanadas pelo secretário de Estado na sessão "parecem importantes, embora não as tenha concretizado completamente".
"Foi importante também deixar já aqui uma perspetiva de futuro para começarmos a campanha de 2025 porque o vírus vai abrandar agora durante o inverno, mas ele vai reativar-se na próxima primavera", destacou.
Já Diogo Vasconcelos, presidente da Associação dos Jovens Agricultores do Sul (AJASUL), de Évora, defendeu que o setor continua, ainda assim, "sem saber como vai ser ajudado", pois foram dadas poucas explicações sobre os apoios.
"Pelo menos, o secretário de Estado apareceu para dar a cara", notou, acrescentando que os produtores precisam "de vacinas em quantidade e que seja disponibilizada gratuitamente e, eventualmente, algum tipo de apoio às perdas".
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