Falando numa audição em Bruxelas promovida pela comissão parlamentar dos Assuntos Económicos e Monetários, em conjunto com as comissões do Mercado Interno e a da Proteção dos Consumidores e das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos, a antiga ministra portuguesa considerou ser "verdade que o setor financeiro, pela importância que tem pelas consequências que os seus falhanços trazem, tem de ser fortemente regulamentado".
"A regulamentação deve ser adequada, deve ser bem calibrada e eu acho que aí nós, de facto, temos muito trabalho a fazer a nível da União Europeia. Há excesso de burocracia, há inconsistências, há sobreposições, há encargos que estão a ser impostos sobre as PMEs [pequenas e médias e empresas], sobre instituições mais pequenas, às vezes até sobre os cidadãos, e que são desnecessários para os objetivos que pretendemos atingir", elencou.
De acordo com a nomeada para a pasta dos Serviços Financeiros e União da Poupança e Investimento, "para que as coisas funcionem adequadamente, a regulação tem de continuar a existir, ser forte, ser bem vigiada, ser bem implementada".
"Mas temos de fazer isto de uma maneira muito mais eficiente do que temos vindo a fazer no passado [para] atingir os objetivos, minimizando os custos", ressalvou.
Maria Luís Albuquerque respondia a uma pergunta do eurodeputado socialista Francisco Assis, que questionou a comissária europeia indigitada sobre aquele que considerou ser "um retrocesso em matéria de regulação" e se, a responsável for confirmada, pretende "manter este caminho no sentido de garantir uma regulação exigente dos sistemas financeiros".
Também intervindo na ocasião, o parlamentar do Chega António Tânger Corrêa perguntou à responsável sobre como vê "a soberania de decisão dos Estados" em domínios como o financiamento da transição 'verde'.
Em resposta, Maria Luís Albuquerque disse que os programas europeus existentes, como o pacto Ecológico, são "o melhor para a Europa" e são, a seu ver, "compatíveis com a soberania de todos os Estados-membros".
"Há, obviamente, ainda muito trabalho a fazer para garantir que se reduzem as desigualdades entre Estados-membros e dentro dos próprios Estados-membros", disse ainda, prometendo fazer a sua "parte" se tiver aval da assembleia europeia.
A comissária europeia nomeada por Portugal para a pasta dos Serviços Financeiros, Maria Luís Albuquerque, foi hoje ouvida pelos eurodeputados da tutela para ter aval do Parlamento Europeu.
Esta audição parlamentar é um passo fundamental para a nomeação da antiga ministra das Finanças e ex-gestora de fundos ter aval dos eurodeputados para fazer parte do segundo executivo comunitário liderado por Ursula von der Leyen.
Aos 57 anos, a antiga governante portuguesa é uma das 11 mulheres entre 27 nomes (uma quota de 40% para mulheres e de 60% de homens) do próximo executivo comunitário de Von der Leyen, agora sujeito a aval parlamentar, que tem como principal missão a competitividade económica comunitária.
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