"Tendo em conta, por um lado, a dinâmica do PIB (Produto Interno Bruto) e, por outro lado, a informação resultante do acompanhamento da atividade económica nacional, o Banco Nacional de Angola estima que o crescimento económico no final do ano venha a situar-se em torno de 4%", disse o governador do BNA, Manuel Tiago que falava hoje em Ndlantando, província do Cuanza Sul, na última reunião do Comité de Política Monetária do BNA de 2024.
De acordo com as contas nacionais divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística, o PIB angolano cresceu 4,3% no primeiro semestre de 2024, animado fundamentalmente pelo desempenho positivo dos setores petrolífero (4,6%) diamantífero (33,3%), transporte e armazenagem (17,2%) e eletricidade e água (8,7%).
A inflação manteve em outubro um percurso descendente pelo terceiro mês consecutivo, situando-se em 29,17% em outubro, face aos 29,93% do mês anterior, tendência que deverá prosseguir nos próximos meses.
"As condições prevalecentes na economia, marcadas pela disponibilidade de uma maior oferta de produtos de alto consumo, associadas às condições monetárias adequadas e à relativa estabilidade da taxa de câmbio, têm contribuído para a desaceleração da inflação", destacou.
O CPM decidiu, contudo, manter a principal taxa diretora (taxa BNA) em 19,5%, a taxa de juro da facilidade permanente de cedência de liquidez em 20,5% e a taxa de juros da facilidade permanente de absorção de liquidez em 18,5%, apesar da trajetória descendente da inflação, sustentando que o seu nível se mantém elevado "exigindo a manutenção de uma política monetária prudente".
Manuel Tiago destacou que a condução da política monetária em 2024 "tem ocorrido num contexto macroeconómico desafiante" com "irregularidade na oferta de bens, eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis, os ajustes dos preços de comunicação, transporte e educação, assim como a persistente subida de preços da classe de saúde,", levando à estimativa de que a inflação no final do ano se situe em torno de 27%.
O 'stock' de crédito à economia em moeda nacional atingiu 5,5 bilhões de kwanzas em outubro, um aumento de 2,6% face ao mês de setembro e uma variação acumulada de cerca de 20% desde o início do ano, ou seja, 909 mil milhões de kwanzas em termos absolutos.
No setor externo, o saldo de conta de bens atingiu em outubro 1,6 mil milhões de dólares, representando um total de 19,2 mil milhões de dólares em termos acumulados, o que corresponde a um aumento relativo de 7,4%, ou seja, 1,3 mil milhões de dólares face ao período homólogo de 2023.
A melhoria do superavit da conta de bens em termos homólogos deveu-se ao efeito combinado da redução das importações em 8,8% e do aumento das receitas de exportação em 0,7%.
O stock das reservas internacionais em outubro fixou-se em 14,75 mil milhões de dólares, correspondendo a um grau de cobertura de 7,84 meses de importação de bens e serviços.
O governador do BNA salientou que a redução das reservas internacionais comparativamente ao mês anterior deveu-se à venda de 250 milhões de dólares ao mercado pelo Banco Nacional de Angola, perspetivando uma recuperação do nível das reservas internacionais que elevaria o stock em torno de 15 mil milhões de dólares dos no final do ano
A próxima reunião do Comité de Política Monetária realizar-se-á em Luanda nos dias 20 e 21 de janeiro de 2025.
Leia Também: Angolanos esperam que Biden traga "boas intenções" para desenvolver país