As compras de feijão brasileiro por empresas chinesas significam que pelo menos metade da procura chinesa para o período fevereiro-abril já foi coberta, bem como cerca de 20% para maio-junho, segundo a agência Bloomberg.
Espera-se que a próxima colheita seja a maior de sempre da nação sul-americana, ajudando os comerciantes chineses a obterem boas margens.
Os compradores normalmente reservam as cargas com cerca de dois meses de antecedência. Os preços das cargas brasileiras estão cerca de 2 dólares (1,9 euros) por tonelada abaixo dos preços da Costa do Golfo dos EUA, para fevereiro, e 22 dólares (20,95 euros) mais baratos para março, segundo dados da Commodity3.
Os trituradores chineses também estão a tomar a medida invulgar de garantir algumas cargas brasileiras para entrega em dezembro e janeiro, durante a época baixa no Brasil, que é mais cara, antes da próxima colheita, disseram os operadores, citados pela Bloomberg.
Este período é tipicamente quando os EUA dominam o mercado global, após a sua própria colheita.
Embora o Brasil já seja o maior exportador do mundo, as últimas compras destacam a crescente dependência da China em relação à soja do país. As preocupações com um potencial choque de abastecimento se Pequim aumentar as taxa alfandegárias sobre as importações de produtos agrícolas dos EUA estão a aumentar o incentivo para armazenar noutros locais.
O presidente eleito norte-americano, Donald Trump, disse na segunda-feira que planeia impor taxas alfandegárias adicionais de 10% sobre os produtos oriundos da China, logo após assumir funções. Anteriormente, comprometeu-se a aumentar as taxas para 60% para todos os produtos da nação asiática, suscitando o risco de os produtos agrícolas norte-americanos serem apanhados em medidas de retaliação.
Os EUA têm cerca de quatro milhões de toneladas de vendas de soja pendentes para a China na temporada 2024-25, segundo dados do Governo. Ainda assim, esse é o menor valor para esta época desde 2018 - durante o primeiro mandato de Trump.
Os compradores estão cautelosos com as preocupações sobre taxas mais altas, disse a consultora chinesa Mysteel Global, num relatório emitido na semana passada.
A previsão é que a China importe cerca de 109 milhões de toneladas de soja na atual temporada. A sua procura global de culturas, incluindo cereais, tem vacilado à medida que o país se debate com um abrandamento económico.
Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, com o comércio bilateral a passar de nove mil milhões de dólares (8,3 mil milhões de euros), em 2004, para 157,5 mil milhões (144 mil milhões de euros), em 2023.
O Brasil desempenha, em particular, um papel importante na segurança alimentar da China, compondo mais de 20% das importações agrícolas e pecuárias do país asiático.
A segunda maior economia mundial alimenta quase 19% da humanidade com apenas 8,5% das terras aráveis do planeta. Em comparação, o país latino-americano tem quase 7% das terras aráveis para 2,7% da população mundial.
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