O ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, considerou, esta quarta-feira, que as reivindicações dos bombeiros "são legítimas", mas alertou "é preciso considerar que não é possível resolver tudo ao mesmo tempo".
"Acho que ninguém beneficia com isso. Acho que, numa profissão tão respeitada pelos portugueses, foi uma atitude que não dignifica os bombeiros", defendeu o ministro quando questionado sobre os protestos levados a cabo pelos bombeiros, na Grande Entrevista, da RTP3.
O ministro sublinhou que "não se pode pedir a um Governo que está há sete meses em funções - e que até há poucas semanas não sabia, sequer, se teria o Orçamento aprovado - que resolva problemas que não foram resolvidos nos últimos oito anos e que, em alguns casos, se arrastam há mais de 10, 15, 20 anos".
Apesar de reconhecer que as reivindicações dos bombeiros são "legítimas", Miranda Sarmento reiterou que "é preciso considerar que não é possível resolver tudo ao mesmo tempo".
"Aquilo que o Governo tem neste momento em cima da mesa com os bombeiros é um aumento total de remuneração no início da carreira que em 2027 atinge cerca de 360 euros, a que depois se soma os aumentos que foram acordados com os sindicatos da Função Pública e que se aplicam a todos os que trabalham no setor público", elucidou.
Este aumento, explicou o ministro, "equipara com aquilo que foi a valorização salarial das forças de segurança e dos militares, que é de cerca de 300 euros até 2026".
Sem pessoas com qualidade, motivadas e formadas, não há serviços públicos. E sem serviços públicos não há desenvolvimento do país
"Temos de tratar com relativa igualdade profissões que têm alguma proximidade", defendeu. "Espanta-me que os bombeiros ainda não valorizem o suficiente para chegarmos a um acordo como chegámos com as forças de segurança, com os guardas prisionais e com os militares".
O Governo "tem agora uma oportunidade para começar a corrigir" os congelamentos de carreiras e os poucos aumentos salariais desde 2025 e "melhorar as condições de quem trabalha na função pública para reter e atrair pessoas com qualidade", afirmou Miranda Sarmento.
"Sem pessoas com qualidade, motivadas e formadas, não há serviços públicos. E sem serviços públicos não há desenvolvimento do país", atirou.
Para o ministro, os protestos ocorridos junto à sede do Governo "fugiram muito ao controlo dos sindicatos" e os "próprios sindicatos perceberam que esta foi uma situação que não beneficia nem dignifica ninguém". Ainda assim, as negociações retomarão com a "serenidade que estes processos exigem".
Sublinhe-se que cerca de 300 bombeiros sapadores e profissionais concentraram-se, na terça-feira, junto à sede do Governo, em Lisboa, para contestar, ao som de gritos e petardos, o que classificaram ser uma "falta de respeito" pela classe.
A concentração de sapadores começou no quartel de Alvalade, seguiu pela Avenida de Roma em passo lento, gritando palavras de ordem contra o Governo e disparando petardos e fumos.
"Estou convencido de que a legislatura vai durar até setembro/outubro de 2028"
Na mesma entrevista, o ministro das Finanças comentou a aprovação do Orçamento do Estado para 2025 e afirmou que "o país beneficiará muito se a legislatura decorrer dentro da normalidade", sem o chumbo de orçamentos futuros.
"A aprovação do Orçamento dá-nos, naturalmente, um instrumento de política diferente daquele que tínhamos até ao momento e dá-nos um horizonte temporal maior", disse, frisando estar "convencido de que a legislatura vai durar até setembro/outubro de 2028".
Para o ministro, "o país beneficiará muito se a legislatura decorrer dentro da normalidade" e se os "partidos conseguirem encontrar o mínimo consenso para se ir aprovando os orçamentos".
Miranda Sarmento defendeu, ainda, que o Governo fez o "máximo de esforço possível para ter um Orçamento aprovado" porque "o país beneficiava em ter um Orçamento e em ter estabilidade política".
"Fizemos um esforço muito significativo para que o Partido Socialista (PS) pudesse viabilizar o Orçamento. Creio que os portugueses reconhecem esse esforço", rematou.
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