"A Comissão Europeia, através do Ageing Report (datado em Abril de 2024), alerta que em Portugal a pensão média dos portugueses poderá descer de 69,2% do último salário (2022) para 38,5% (em 2050). Este risco real, ao qual a solução apontada é uma reforma da segurança social, traduz-se numa perspetiva de receber uma pensão, daqui a 26 anos, duas vezes inferior àquele que seria o valor na atualidade.
Esta premissa aponta-nos para um caminho óbvio: a necessidade de poupança individual constante (na medida do possível a cada um). O sítio onde devemos investir deve diferir conforme: o grau de literacia do próprio indivíduo, o seu perfil de investimento e objetivos com o mesmo, a sua capacidade de gestão, aliando-se aos pontos anteriores, a sempre recomendável diversificação na escolha das ferramentas utilizadas.
Afinal, o que são os planos poupança reforma (PPRs)?
Dito isto, os planos poupança reforma (PPRs) são escolhas naturais e relevantes, particularmente para quem se encontra numa fase primordial do seu ciclo de poupança e investimento. O seu grau de adaptabilidade é um fator relevante. Diferentes tipos de produtos presentes no mercado (entre seguros com capital garantido e fundos com alta volatilidade) encaixam nos diferentes perfis e objetivos de quem está a investir.
Quer um produto que permita construir um aforro sem risco? Existe. Prefere algo com um potencial de retorno bastante superior, aportando alguma volatilidade no curto/médio prazo? Existe. Até na forma como se pode reforçar o produto, a escolha é variada. Existem produtos que nos permitem acionar um débito direto (mensal, trimestral, semestral, etc.) e produtos sem entregas obrigatórias (o leitor apenas reforça quando quiser).
E se for pelo trabalho?
Também da perspetiva da sua compensação laboral, o PPR pode ser uma ferramenta importante para si e para a empresa. Caso a sua organização opte por lhe facilitar uma verba acionável para um PPR, tanto o colaborador quanto a empresa ficam livres do seu encargo (sob essa verba) com a segurança social, permitindo uma maior liquidez.
Para fechar com chave de ouro, o PPR aporta um benefício fiscal em IRS, que lhe permite deduzir até 20% do valor (com alguns limites em função da idade). Por exemplo, um leitor com 30 anos que submeta 2000€ anuais em um PPR terá acesso a uma dedução de 400€. Numa altura em que, em função da retroatividade da redução da retenção na fonte, existe um alerta por parte da ordem dos contabilistas que aponta para que na próxima liquidação de IRS mais contribuintes possam ter que pagar imposto, este pode ser um bom timing para ganhar alguma “vantagem” no ajuste futuro.
Mas nem tudo é sobre PPR
Os PPRs não são o único instrumento financeiro para poupar/investir. É recomendável que o leitor diversifique ao máximo, seja com instrumentos mais simples como depósitos a prazo (utilizados para rápida capitalização e, muitas vezes, associados a fundos de emergência) ou até com instrumentos mais complexos e com potenciais maiores ganhos (caso a sua capacidade financeira, literacia, perfil e objetivos o permitam).
Contudo, é fundamental que todos tenhamos perceção da importância deste mecanismo que deve acompanhar toda a nossa vida ativa e nos permitir ter um conforto merecido após várias décadas de trabalho.
Se ainda tem dúvidas da importância do PPR, responda para si à seguinte pergunta: Consigo hoje subsistir com 38,5% do meu salário?"
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