Pequim está a preparar-se para o regresso do magnata republicano à Casa Branca, em janeiro.
O seu primeiro mandato ficou marcado por uma guerra comercial com a China, que ele acusou de usurpação de propriedade intelectual e de outras práticas comerciais injustas.
Trump prometeu durante a campanha impor taxas alfandegárias ainda mais elevadas sobre as importações chinesas, correndo o risco de paralisar um motor de crescimento crucial para a segunda maior economia do mundo, já afetada por uma crise imobiliária persistente e débil consumo interno.
"As guerras tarifárias, as guerras comerciais e as guerras tecnológicas vão contra as tendências históricas e as regras económicas e não haverá vencedores", afirmou Xi Jinping, durante uma reunião com os dirigentes de várias instituições financeiras, citado pela televisão estatal CCTV.
A declaração do Presidente chinês surge pouco depois da publicação de dados oficiais que revelam um crescimento contínuo das exportações chinesas em novembro.
As vendas ao estrangeiro aumentaram 6,7%, em termos homólogos, de acordo com os dados em dólares publicados pelas alfândegas chinesas - um aumento sólido, embora abaixo das previsões dos analistas consultados pela Bloomberg (+8,7%) e muito abaixo do desempenho de outubro (+12,7%).
Esta resistência pode ser explicada, em parte, pelo facto de as empresas estrangeiras terem acumulado produtos chineses, face à perspetiva da entrada em vigor de novas taxas, após a tomada de posse de Trump.
Zichun Huang, economista da Capital Economics, salientou que esta expectativa sugere "uma aceleração das exportações nos próximos meses".
O comércio externo tem sido um dos poucos pontos positivos da economia chinesa este ano. É "uma das principais razões pelas quais a China deve atingir o seu objetivo de crescimento de cerca de 5%", argumentou Lynn Song, economista do banco ING.
Xi afirmou hoje que o seu país tem "total confiança" na sua capacidade de atingir o objetivo de crescimento para 2024.
A esperada intensificação das tensões comerciais com Washington está a preocupar Pequim, que recebeu esta semana os líderes das principais organizações económicas multilaterais.
O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, alertou na segunda-feira para o facto de a economia mundial estar a enfrentar desafios crescentes devido a uma tendência para a "desglobalização".
Em novembro passado, o Governo chinês anunciou uma série de medidas para estimular o comércio, incluindo a extensão do seguro de crédito à exportação e a facilitação de acordos comerciais transfronteiriços.
No entanto, desde o primeiro mandato de Trump, a China reduziu a percentagem das suas exportações para os EUA, aligeirando potencialmente o impacto de um novo confronto comercial.
"A procura de outros destinos deve manter-se relativamente estável e pode ajudar a compensar parte do impacto", confirmou Lynn Song.
Mas o país asiático registou outra queda inesperada das importações em novembro, um barómetro do consumo interno persistentemente fraco.
As importações chinesas caíram 3,9% em termos homólogos, acentuando a queda registada em outubro (-2,3%).
Perante a débil situação económica, que pode ser agravada por uma guerra comercial com Washington, o Partido Comunista Chinês afirmou na segunda-feira que vai adotar "uma flexibilização adequada da política monetária" e "uma política fiscal pró-ativa".
"O volume das importações deve aumentar a curto prazo graças a uma aceleração das despesas públicas, o que estimulará a procura por matérias-primas industriais", afirmou Zichun Huang.
A Conferência Central sobre o Trabalho Económico, uma reunião crucial que Pequim está prestes a iniciar, pode lançar esta semana as bases para novas medidas de estímulo.
Estes sinais são aguardados pela comunidade empresarial, que ficou desapontada nos últimos meses com a falta de apoio financeiro direto às famílias para as encorajar a consumir.
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